Após grande repercussão de imagens de câmera de segurança que mostram o policial militar (PM) Vinicius de Lima Britto executando um homem negro com oito tiros pelas costas dentro de uma loja Oxxo, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu à Justiça a sua prisão preventiva. Na denúncia, a Promotoria acusa o policial de homicídio doloso, quando há intenção de matar, praticado de forma “exacerbada” e com “brutalidade”.
Se a denúncia for acatada pela Justiça, Britto se tornará réu. No documento assinado na noite desta quarta (4), o promotor Rodolfo Justino Morais afirma estar “provada a existência do crime” e a “autoria do delito” contra a vida de Gabriel Renan da Silva Soares, que na noite de 3 de novembro foi assassinado por tentar furtar três pacotes de sabão.
“Se mantido em liberdade, certamente o denunciado causará temor às testemunhas”, diz o MP-SP, se referindo especialmente ao atendente do Oxxo, “que prestou depoimento divergente das imagens captadas pelas câmeras de segurança, possivelmente por intimidação do denunciado, visto que este continua frequentando o estabelecimento comercial onde a testemunha trabalha”.
No Boletim de Ocorrência (BO) a que a reportagem teve acesso, o funcionário do Oxxo corrobora com a versão do policial, depois desmentida pelas imagens, de que Gabriel teria feito menção de estar armado.
“Em apenas 10 meses de atividade policial, já esteve envolvido em outras três mortes em circunstâncias semelhantes, o que demonstra sua alta periculosidade e o risco concreto que sua liberdade representa para a sociedade”, discorre a denúncia feita contra Vinícius Britto. O PM é investigado também pelo assassinato, com diversos tiros, de outros dois homens desarmados em São Vicente (SP) em 2023.
O promotor solicita, ainda, que a Polícia Militar forneça cópia do prontuário funcional completo de Britto, incluindo todos os seus exames psicológicos. Uma reportagem do Joio e o Trigo apurou que Vinícius Britto foi reprovado no exame psicológico do concurso da PM em 2021, por ter demonstrado “descontrole emocional”. Prestou o concurso de novo e, então, passou.
Os prints das imagens mostrando que Britto atirou contra Gabriel pelas costas e portanto mentiu no BO, foram revelados pelo Brasil de Fato em 6 de novembro, três dias após o episódio. O policial, porém, só foi afastado de suas funções nesta segunda-feira (3), quando os vídeos vieram à tona.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, comandada pelo ex-policial da Rota Guilherme Derrite, “caso as apurações apontem para a responsabilização criminal do policial militar, medidas administrativas serão adotadas, incluindo a possibilidade de processo disciplinar que poderá resultar na sua exclusão da Instituição”.
Edição: Nathallia Fonseca