R$ 600 milhões

'Infeliz coincidência': Nunes morou em imóvel cujo dono possuía contratos sem licitação na Prefeitura de São Paulo

Aluguel foi intermediado por imobiliária que também pertence a um empresário que se relaciona com a prefeitura

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O o prefeito afirmou que a relação foi intermediada por uma imobiliária e que esta é uma 'grande e infeliz coincidência' - Rovena Rosa/Agência Brasil

Em 2022, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), viveu por quatro meses em um apartamento de luxo, na Zona Sul da capital paulista, que pertence à empresa Ravello, de Fernando Marsiarelli, um empreiteiro vencedor de contratos sem licitação com a Prefeitura de São Paulo.

Os contratos da F.F.L. Sinalização Comércio e Serviços, que pertence a Marsiarelli, dono do apartamento onde morou Nunes, alcançam mais de R$ 600 milhões com dispensa de licitação. A maioria dos acordos entrou em vigor em 2023, quando o prefeito reeleito já não ocupava mais o imóvel. 

De acordo com apuração da Folha de S. Paulo, o prefeito afirmou que a relação foi intermediada por uma imobiliária e que esta é uma "grande e infeliz coincidência". Ainda segundo ele, o pagamento da maior parte do valor do aluguel foi feito pela imobiliária como compensação de uma dívida anterior que tinha com Nunes.

A imobiliária, porém, também pertence a um empresário que se relaciona com a Prefeitura de São Paulo: Ronaldo Prado Farias, que já teve contratos com creches conveniadas e foi diretor da SPObras por indicação de Ricardo Nunes, ainda segundo reportagem da Folha.

Em nota enviada ao Brasil de Fato por meio da assessoria de comunicação, Nunes volta a reforçar que  "a locação do apartamento foi tratada exclusiva e diretamente com a imobiliária, sem qualquer intermediário".

"O prefeito reforça que não conhece o proprietário do imóvel e apenas soube de quem se tratava pela reportagem. O contrato do aluguel de temporada (quatro meses) foi firmado seguindo todos os trâmites. Por fim, o prefeito Ricardo Nunes repudia qualquer ilação que envolva o seu nome ou de seus familiares em um processo feito totalmente dentro da legalidade", finaliza a nota. 

Edição: Nathallia Fonseca