Em frente ao emblemático cinema Charles Chaplin, na noite desta quinta-feira (5), foi inaugurado oficialmente o 45º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana.
A festa de abertura contou com a música do pianista Alejandro Falcón, do saxofonista César López, de Rodrigo Sosa e da orquestra do Lyceum Mozartiano de La Habana, que prestaram homenagem ao grande cartunista cubano Juan Padrón (1947-2020), interpretando canções icônicas de seus filmes de animação.
Vestindo uma kufiya, o emblemático lenço que simboliza a resistência palestina, Tania Delgado, diretora do festival, fez o discurso de abertura diante de um auditório lotado. Num extenso e emocionado discurso, afirmou que esta edição do festival é “um compromisso com as diversas sociedades”.
Por sua vez, sob os aplausos dos presentes, informou que este ano o festival dedicará um dia especial à Palestina como forma de denunciar o genocídio que sua população está sofrendo. “Há um ano, o festival fez eco das denúncias do que estava acontecendo com o povo palestino e hoje, infelizmente, temos que denunciar mais uma vez o genocídio”, ressaltou.
“Neste festival teremos um dia dedicado à Palestina, para levantar vozes por essa causa justa e reivindicar o direito desse país de viver em paz”.
Durante esta 45ª edição, durante os próximos dez dias, serão exibidos 110 filmes de 42 países, competindo nas diversas categorias do festival. O filme escolhido para abrir o festival foi o longa-metragem argentino Los domingos mueren más personas, do diretor Iair Said. Este ano, Argentina, Brasil e México são os países com o maior número de filmes selecionados para serem exibidos em Havana.
Entre as principais apresentações desta edição, o Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano fará a estreia mundial dos dois primeiros episódios da tão esperada adaptação da Netflix de Cem Anos de Solidão, uma ambiciosa interpretação do icônico romance de Gabriel García Márquez.
A exibição é emblemática, pois a Netflix não está disponível na ilha devido ao bloqueio. No entanto, desde o triunfo da Revolução Cubana, García Márquez (1927-2014) foi um dos principais intelectuais ligados a Cuba e amigo íntimo de Fidel Castro.
Gabo foi um dos criadores da Fundação do Novo Cinema Latino-Americano em Cuba, instituição da qual foi presidente até sua morte em 2014, aos 87 anos. Também foi membro do júri do festival em várias ocasiões.
Um cinema para nossa América
O Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana foi inaugurado em dezembro de 1979. Desde sua fundação, o Festival tem sido um espaço para o reconhecimento e a divulgação do cinema latino-americano e caribenho.
Os primeiros filmes a receber o Grande Prêmio Coral, o maior prêmio do festival, foram o brasileiro Coronel Delmiro Gouveia, do diretor Geraldo Sarno, e o cubano Maluala, de Sergio Giral.
O Festival de Havana foi concebido como parte e continuação de outros grandes festivais realizados na América Latina, como o Festival de Viña del Mar (1967 e 1969), Mérida (1968 e 1977) e Caracas (1974).
O anúncio de fundação do Festival afirmava que seu objetivo era “promover o encontro regular de cineastas latino-americanos cujo trabalho enriquece a cultura artística de nossos países (...); assegurar a apresentação conjunta de filmes de ficção, documentários, desenhos animados e assuntos atuais (...), e contribuir para a divulgação e circulação internacional das principais e mais significativas produções de nossas cinematografias”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho