A Federação Palestina do Brasil se pronunciou ao Brasil de Fato sobre a derrubada do governo sírio do presidente Bashar al-Assad neste domingo (8) por grupos rebeldes islâmicos. A posição da entidade é de defesa da posição histórica dos palestinos em relação à crise síria.
“Defendemos as autonomias, soberanias e o direito à autodeterminação dos povos. Em 2011, todas as forças políticas palestinas decidiram que os palestinos não seriam parte do conflito sírio, que deveria ser resolvido pelo seu povo e lideranças”, disse o presidente da Federação, Ualid Rabah, que ressalta que essa decisão não foi respeitada, resultando em graves consequências para campos de refugiados como o de Yarmouk, próximo a Damasco, capital da Síria.
A Federação Palestina diz ainda que espera que o povo sírio encontre um caminho para a reconciliação nacional, com a formação de um governo que conduza o país a eleições e restaure a soberania popular. “Desejamos que a Síria siga sendo um país árabe comprometido com a solução da Questão Palestina, conforme as resoluções da ONU e o Direito Internacional, recusando a aceitação da imposição ocidental que ameaça o direito ao retorno dos refugiados palestinos”.
Além disso, o presidente da entidade destaca que espera que a soberania síria seja restabelecida sobre as Colinas de Golã, invadidas por Israel desde 1967. “Cabe ao povo sírio decidir que forças estrangeiras podem permanecer no país, garantindo a soberania em tratados e acordos legítimos.” Por fim, Rabah reforça o desejo de que a violência seja contida e que o Estado sírio recupere sua capacidade de organizar a vida nacional, promovendo paz, prosperidade e democracia.
Saiba mais sobre a Guerra na Síria também no podcast O Estrangeiro, do Brasil de Fato, exibido na última quinta-feira (5).
Mais repercussão
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também afirmou que Assad "fugiu de seu país" e responsabilizou a Rússia pela queda do governo sírio.
"Assad foi embora. Seu protetor, Rússia, Rússia, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessado em protegê-lo", escreveu em sua plataforma Truth Social.
Já a Casa Branca afirmou que o presidente em fim de mandato, Joe Biden, acompanha "com atenção os extraordinários acontecimentos" em curso na Síria.
Enquanto a guerra civil na Síria escala, três das principais potências envolvidas no conflito se reúnem em Doha, no Catar, para discutir o futuro do país.
Turquia, Rússia e Irã fizeram um apelo conjunto para que os grupos armados interrompam os combates e "preservem a Síria como um país íntegro e unido".
O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que Moscou estava "tentando fazer o possível para impedir que terroristas vençam, ainda que eles aleguem não ser terroristas".
O primeiro-ministro do governo de Assad, Mohammad Ghazi al-Jalali disse que vai facilitar a transição do poder no país, incluindo a transferência de arquivos do governo deposto.
"Nós estamos prontos para cooperar com qualquer liderança escolhida pelo povo sírio, fornecendo todas as facilidades possíveis para garantir uma transferência suave de vários arquivos do governo", disse Mohammed Ghazi al-Jalali.
Edição: Nathallia Fonseca