Letalidade policial

PM de folga mata homem em frente a uma casa noturna no Centro de São Paulo

Caso se soma às centenas de mortes praticadas por policiais militares neste ano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O PM atirou em um homem estava do outro lado da rua, próximo de um grupo de pessoas, incluindo uma mulher com uma criança de colo - Reprodução/TV Globo

O policial militar Diego Ferreira Pinto de Souza atirou e matou um homem na região central de São Paulo, na noite deste domingo (8). Segundo imagens de uma câmera de uma boate, Marcos Mendes do Nascimento estaria segurando um simulacro de uma arma e discutindo com um grupo de pessoas, incluindo uma mulher com uma criança de colo, que estava do outro lado da Alameda Dino Bueno, no Bom Retiro. 

Souza, por sua vez, estava de folga e trabalhando como segurança da boate. Ele acompanhou a discussão da frente da boate, do outro lado da rua, e, em seguida, dirigiu-se à vítima e atirou duas vezes, sem falar nada. Nascimento chegou a ser socorrido, mas morreu na Santa Casa de São Paulo. O caso foi registrado no 2° Distrito Policial e está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). 

Como estava sem farda, o policial também não usava câmera corporal, que é acoplada ao uniforme. No ano passado, 211 pessoas foram mortas por policiais nestas condições, fora de serviço, segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 

Os dados mostram que 211 pessoas foram mortas por policiais sem farda em todo o país em 2023. Destes assassinatos, 120 foram no estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em 2022, a taxa foi ainda maior, chegando a 146. 

Mulher agredida em Campinas 

Nesta segunda-feira (9), uma reportagem da TV Globo mostrou um policial militar agredindo uma mulher com um soco no rosto no Jardim Santa Amália, em Campinas, no interior de São Paulo. O caso ocorreu em 21 de outubro deste ano, mas as imagens da agressão registradas por uma câmera de segurança só vieram a público agora. 

Os policiais teriam se deslocado até a casa da senhora, que não quis se identificar, após serem acionados pela filha devido a uma discussão entre as duas.  

"O policial logo no começo já foi agressivo comigo com as palavras. Falou que se eu não ficasse quieta, ele iria quebrar minha cara. Ele me deu voz de prisão e eu perguntei o porquê. Ele disse: 'A senhora fica quieta ou eu vou quebrar sua cara'. Nesse momento, comecei a falar alto para meus vizinhos escutarem e ficarem atentos, porque eu senti medo dele nessa hora", disse em entrevista à TV Globo

“Depois dele bater, ele jogou a minha cabeça no chão. Na hora eu desmaiei, eu não enxergava, não ouvia. Caí no chão desmaiada. Meus vizinhos pediram para chamar o Samu para me socorrer, eles não deixaram, me colocaram algemada dentro da viatura e me levaram para o pronto-socorro.” 

Outro lado 

Sobre o caso de Campinas, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a "Polícia Militar não compactua com desvios de conduta dos seus agentes e investiga o caso por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). Os policiais que participaram da ocorrência foram identificados e afastados. Todo e qualquer excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei".

Já sobre a morte do homem em São Paulo, a pasta disse que está investigando o caso. "O caso foi registrado como homicídio pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que realizou perícia ao local. As imagens das câmeras de segurança serão analisadas e o simulacro e arma do agente foram apreendidas. A Polícia Militar também acompanha o caso", informou.

Edição: Martina Medina