Mais de mil professores do Paraná se uniram contra a privatização de 177 escolas públicas do estado, proposta pelo governo Ratinho Junior (PSD). Em carta aberta, os docentes denunciam irregularidades no processo de consulta às comunidades escolares e alertam sobre a entrega da gestão educacional a grupos empresariais.
A iniciativa, que prevê contratos no valor total de R$ 2 bilhões para quatro anos, enfrenta resistência dos educadores por ser considerada antidemocrática e lesiva aos interesses públicos. Apesar de uma decisão do Tribunal de Contas do Estado suspender novas contratações, o governo mantém a pressão para implementar o modelo, que inclui enviar mensagens apelativas às famílias e realizar ligações diretas, segundo relatos dos professores.
“Esses recursos deveriam ir diretamente para as escolas, mas estão sendo redirecionados para empresários. Isso não é gestão eficiente; é mercantilização da educação pública”, afirma um trecho da carta.
Os docentes também criticam o uso da força policial para coibir manifestações da comunidade escolar e do Sindicato dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola do Paraná (APP-Sindicato). “A liberdade de expressão, garantida pela Constituição, está sendo violada para atender interesses privados”, pontua o documento.
Em nota anterior à redação do Brasil de Fato Paraná, a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) informou que "como forma de tornar ainda mais transparente o processo, enviou aos pais e responsáveis, além das referidas informações, também as datas e horários das consultas".
Denúncias contra empresas envolvidas
Os professores apontam que a privatização beneficia grupos empresariais como o Salta Educação, ligado ao bilionário Jorge Paulo Lemann, cuja Fundação Lemann já atuou no governo Ratinho Junior. “O dinheiro público da educação no Paraná vai encher os bolsos de bilionários brasileiros e estrangeiros”, destaca a carta, que também menciona o envolvimento do grupo no escândalo das Americanas.
Além disso, a gestão anterior da Secretaria de Educação do Paraná, liderada pelo empresário Renato Feder, é acusada de transformar escolas públicas em “balcões de negócios”, com compras de plataformas digitais caras e ineficientes. Para os professores, a atual administração, sob Roni Miranda, segue a mesma estratégia.
Um modelo em disputa nacional
A carta alerta que a privatização da gestão escolar no Paraná pode se tornar referência para outros estados. “Não está em jogo apenas a gestão, mas todo o processo educativo público, que deveria ser autônomo e democrático, como preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, diz o texto.
Os professores pedem o apoio da população para preservar a educação pública de qualidade. “Escola não se vende, escola se defende”, conclui o documento.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Mayala Fernandes