O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta sexta-feira (13) seu aliado centrista e político veterano François Bayrou, de 73 anos, como primeiro-ministro, com o desafio de reunir uma maioria parlamentar que impeça sua queda e agrave ainda mais a crise política. Enfraquecido, o presidente busca acenar ao restante dos partidos para formar governo, exceto a extrema direita e a esquerda radical, para alcançar uma "estabilidade".
Bayrou é um antigo conhecido da classe política. Sua consagração nacional veio com sua nomeação como ministro da Educação em 1993, em um governo de direita durante a presidência do socialista François Mitterrand.
Para a cientista política francesa Florence Poznaski, com essa nomeação, Macron "tenta seduzir uma faixa mais centrista ou de centro-esquerda", como forma de compensar o governo anterior, "mais permeável à extrema direita". ''A questão agora é saber se algumas figuras do centro-esquerda vão aceitar compor o governo. Apesar do PS [Partido Socialista] ter anunciado que quer ficar na oposição", disse ao Brasil de Fato.
Bayrou sucederá o conservador Michel Barnier, de 73 anos, que caiu em 4 de dezembro após uma moção de censura do Parlamento quando tentava aprovar os orçamentos para 2025. Sem maioria, ele tentou governar com a aliança centrista de Macron e seu partido conservador Os Republicanos (LR, na sigla em francês), mas dependia no Parlamento da líder de extrema direita Marine Le Pen, que o abandonou após apenas três meses no cargo. A transferência de poder está marcada para 16h (13h em Brasília).
Durante o processo para aprovar o orçamento de 2025, a extrema direita apoiou uma moção de censura apresentada pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), considerando que o ex-negociador do Brexit não respondeu às suas demandas. Sua censura agravou a crise política desencadeada em junho devido à inesperada antecipação das eleições legislativas de 2027 por Macron, que deixou uma Assembleia (Câmara baixa) sem maiorias claras e dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita.
A segunda maior economia da União Europeia tem altos níveis de déficit e dívida públicos para a zona do euro. O projeto de Barnier previa uma redução acentuada nos gastos públicos para tranquilizar os mercados.
Edição: Leandro Melito