O presidente russo, Vladimir Putin, realizou nesta quinta-feira (19) a sua tradicional coletiva de imprensa de fim de ano, na qual falou sobre os resultados de 2024 para a Rússia na economia, política interna e externa. Neste ano, o evento teve um formato híbrido com a "linha direta com o presidente", respondendo perguntas enviadas pela população.
Um dos principais temas abordados foi a guerra da Ucrânia. Ao ser questionado sobre as perspectivas de negociações para resolver o conflito, Putin voltou a pôr em xeque a legitimidade do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para realizar conversações de paz.
O líder russo afirmou que a Rússia está disposta a dialogar com Zelensky apenas quando ele for às urnas e ganhar legitimidade enquanto presidente.
"Se alguém for às urnas e ganhar legitimidade, falaremos com qualquer um, incluindo Zelensky. Agora, se a Ucrânia realmente quiser seguir o caminho de um acordo pacífico, eles são capazes de fazer isso, podem organizar este processo internamente como quiserem. Simplesmente só podemos assinar apenas com aqueles que são legítimos", disse.
O comentário do presidente russo faz referência ao fato de que o mandato de cinco anos do presidente ucraniano terminou no dia 20 de maio deste ano, mas devido à lei marcial adotada por conta da guerra com a Rússia, não foram realizadas eleições no país. A continuidade da presidência de Zelensky sem nova votação gerou, por parte da Rússia, rejeição em relação à sua legitimidade no cargo.
Ao comentar se a Rússia possui condições prévias para a realização de conversações, Vladimir Putin observou que Moscou está pronta para iniciar negociações de paz sem condições prévias, mas com base nos acordos de Istambul e nas realidades no terreno.
Após o início do conflito, as delegações da Rússia e da Ucrânia realizaram negociações em março de 2022. O Kremlin argumenta que as consultas diplomáticas estavam quase concluídas para se chegar a um acordo, mas a parte ucraniana teria interrompido e se retirado das negociações unilateralmente.
Os termos daquele acordo previam a neutralidade da Ucrânia em relação à Otan, garantias de segurança para Kiev, limitação das tropas ucranianas, entre outros termos, para se chegar a um cessar-fogo e um posterior acordo de paz.
Novo míssil 'Oreshnik'
O presidente russo, Vladimir Putin, também falou sobre o novo armamento desenvolvido pela Rússia, o míssil "Oreshnik". De acordo com ele, os sistemas de defesa aérea atualmente implantados na Europa não são capazes de abater os mísseis Oreshnik. "Não há chance disso", frisou.
"Se os especialistas ocidentais acreditam que sim [que o Oreshnik pode ser abatido], então deixe-os oferecer a nós e àqueles que os pagam no Ocidente, nos EUA, a realização de algum tipo de experiência tecnológica, um duelo de alta tecnologia do século XXI. Deixem que eles identifiquem algum alvo para destruição, digamos, em Kiev, concentre todas as suas forças de defesa aérea e de defesa antimísseis lá, e nós atacaremos lá com o Oreshnik. E vamos ver o que acontece. Estamos prontos para tal experiência. O outro lado está pronto?", afirmou.
Em 21 de novembro, Putin anunciou que as Forças Armadas russas lançaram um ataque na Ucrânia com um inédito sistema experimental de mísseis balísticos de médio alcance "Oreshnik". De acordo com o líder, o ataque foi uma retaliação ao dato das Forças Armadas da Ucrânia usarem mísseis ocidentais de longo alcance contra a Rússia.
Edição: Nathallia Fonseca