Nada para celebrar

Belém se prepara para mais um Natal sombrio diante do genocídio na Faixa de Gaza

Segundo a ONU, 14.500 crianças palestinas foram mortas por Israel na Faixa de Gaza, desde outubro do ano passado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Escoteiros palestinos protestam contra Israel durante procissão anual de Natal na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada por Israel, em 24 de dezembro de 2024 - HAZEM BADER / AFP

Centenas de fiéis se reuniram nesta terça-feira (24) ao redor da igreja da Natividade na cidade palestina de Belém, na Cisjordânia, que se prepara para mais um Natal sob a sombra do genocídio cometido por Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza. A cidade é considerada o local onde nasceu Jesus Cristo. 

A agência da ONU para refugiados da Palestina (Unrwa) disse nesta terça-feira (24) que 14.500 crianças palestinas foram mortas por Israel na Faixa de Gaza, desde outubro do ano passado, significando, em média, um assassinato a cada 60 minutos. 

Diante desse cenário, as autoridades locais em Belém decidiram pelo segundo ano consecutivo suspender as grandes celebrações públicas. A Praça da Manjedoura não tem decorações, nem a tradicional árvore de Natal gigante, um reflexo do dia a dia sombrio de seus habitantes desde o início da ofensiva militar israelense.

"Não colocamos uma árvore de Natal, nem decoramos as ruas", explicou à AFP Anton Salman, prefeito de Belém, na Cisjordânia ocupada, território palestino separado da Faixa de Gaza. 

"Limitamos a alegria", afirmou o prefeito. "Queremos (...) mostrar ao mundo que a Palestina continua sofrendo com a ocupação israelense e a injustiça". 

Em Belém, poucos vendedores de café e milho aguardavam clientes na praça da Natividade, que fica no centro da localidade palestina onde. A igreja terá sua tradicional missa à meia-noite, com a presença do patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa. Mas a data estará centrada na religião, sem o ambiente festivo que costumava tomar as ruas de Belém no Natal. 

No início da tarde de terça (24), um grupo de escoteiros, alguns com cartazes com mensagens como "Parem o genocídio agora", se reuniu em Belém. Atrás deles, o patriarca Pizzaballa contou que acabara de chegar de Gaza. "Vi toda a destruição, a pobreza e o desastre. Mas também vi a vida, eles não desistem. Vocês também não devem desistir. Nunca", declarou. 


O Patriarca Latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, discursa na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada por Israel, em 24 de dezembro de 2024 / HAZEM BADER / AFP

 

Papa

No Vaticano, o papa Francisco iniciará nesta terça-feira o Ano Santo de 2025, a grande peregrinação internacional para a qual são esperados mais de 30 milhões de fiéis de todo o mundo em Roma. No fim de semana, o papa se manifestou publicamente sobre a "crueldade" dos bombardeios israelenses em Gaza, que vitimaram sete crianças.

"Ontem bombardearam crianças. Não é a guerra, é uma crueldade. E quero dizer porque é algo que me comove", declarou o pontífice argentino no sábado (21) durante uma audiência com membros da Cúria, o governo da Santa Sé.

Nesta véspera de Natal, às 19h (15h de Brasília), na presença de quase 30 mil pessoas e com transmissão para todo o mundo, o jesuíta argentino abrirá a Porta Santa da basílica de São Pedro do Vaticano, simbolizando o início do Jubileu "ordinário". 

Em seguida, Francisco presidirá a Missa do Galo na basílica de São Pedro, ocasião em que o pontífice aproveita para chamar a atenção para os conflitos no mundo.  

*Com AFP

Edição: Leandro Melito