Quase 70 toneladas de peças e acessórios para geradores de energia foram doadas pela República Popular da China a Cuba com o objetivo de contribuir na recuperação do sistema elétrico da ilha caribenha.
Os materiais foram recebidos neste domingo (29) pelo embaixador da China em Cuba, Hua Xin, junto com as vice-ministras de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro de Cuba, Déborah Rivas, e de Energia e Minas, Tatiana Amarán.
De acordo com o embaixador Xin, o carregamento faz parte do segundo pacote de assistência da China em 2024, que tem como objetivo ajudar a restaurar a capacidade de geração de eletricidade do país em cerca de 400 megawatts (MW). As doações foram incluídas em uma “lista de projetos de emergência”, a fim de aplicar o que o governo chinês chama de “conveniência para o mais urgente” na ajuda efetiva e rápida a Cuba.
"Espera-se que os próximos lotes cheguem em breve por fretamento, voos comerciais ou transporte de contêineres”, disse.
Durante a breve cerimônia de recebimento das doações, a vice-ministra Déborah Rivas disse que a doação “reflete a alta sensibilidade das autoridades do governo chinês e seu firme apoio a Cuba em qualquer circunstância, unindo-se, em uma verdadeira expressão de fraternidade, aos esforços do governo cubano para alcançar a sustentabilidade energética”.
A vice-ministra também garantiu que o governo estima que essa doação beneficiará o consumo de 53,2 mil residências no país.
A chegada das doações ocorre num momento em que o país caribenho enfrenta uma grave crise energética que tem se agravado seriamente nos últimos meses. Durante este ano, Cuba sofreu três apagões totais no sistema nacional de eletricidade, deixando o país completamente no escuro. Atualmente, os cortes de eletricidade são cada vez mais constantes, afetando diariamente mais de 40% da população. A situação tem prejudicado seriamente a atividade econômica e a qualidade de vida da população.
Bloco e energia
As doações fazem parte dos diferentes acordos firmados entre o presidente cubano Miguel Díaz-Canel e seu homólogo chinês, Xi Jinping, buscando ampliar a cooperação em iniciativas estratégicas como energia, transporte, segurança alimentar e comércio.
A eletricidade de Cuba é gerada por antigas usinas termoelétricas - a maioria com mais de 30 anos - que requerem constante manutenção para funcionar. No entanto, devido ao bloqueio imposto pelos EUA - considerado ilegal pela maioria dos países da ONU - Cuba há décadas enfrenta sérias dificuldades financeiras para fazer os investimentos e a manutenção necessárias a fim de manter seu sistema elétrico funcionando.
A importação de combustível - como qualquer outro bem - é dificultada pelas sanções que Washington impõe unilateralmente aos países que comercializam com Cuba. Isso ocorre porque qualquer navio que toque um porto cubano é sancionado, o que gera um aumento extraordinário nos preços que a ilha precisa pagar para importar os produtos dos quais necessita.
Nos últimos meses, o governo chinês doou vários componentes para a instalação de parques fotovoltaicos (energias renováveis baseadas na luz solar) na ilha caribenha. As condições climáticas da região fazem da luz solar a fonte mais favorável de energia renovável para o país.
Atualmente, mais de 95% da geração de energia do país vem de combustíveis fósseis, enquanto apenas 5% é gerada por meio de energias renováveis. Cuba pretende gerar até 25% de sua energia a partir de fontes renováveis nos próximos cinco anos. Até 2050, o objetivo é cobrir toda a matriz energética com a geração de eletricidade baseada em fontes de energia renováveis.
Em meados de dezembro, o governo chinês e Cuba oficializaram a construção de vários parques fotovoltaicos na ilha caribenha, com recursos doados pelo país asiático. Estima-se que a operação desses parques fotovoltaicos poderia significar uma economia anual de até sete milhões de dólares.
Edição: Lucas Estanislau