O governo alemão acusou Elon Musk de interferir nas eleições da Alemanha para chanceler do país, programadas para fevereiro, após o bilionário apoiar publicamente a candidata do partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha), Alice Weidel.
A acusação foi feita na segunda-feira (30) por um porta-voz do governo alemão. "De fato, Elon Musk está tentando influenciar a eleição federal [alemã]", ao dizer que a AfD é o único partido que pode "salvar a Alemanha".
Musk - conhecido por se manifestar a favor de forças conservadoras e de extrema direita em vários processos eleitorais pelo mundo - declarou apoio a Weidel em postagens na rede social X (Twitter), do qual é dono, ao dizer que "só a AfD pode salvar a Alemanha", além publicar um artigo de opinião publicado pelo jornal Welt am Sonntag, em 28 de dezembro.
O líder da oposição ao governo de Olaf Scholz e favorito nas eleições, Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), classificou os comentários de Musk como "intrusivos e pretensiosos".
O membro do Parlamento Europeu do partido de direita CDU, Dennis Radtke, também condenou o apoio de Musk, e disse que são "irritantes e inaceitáveis" ao tentar se intrometer nas eleições alemãs. Radtke também declarou Musk como uma "ameaça à democracia", além de classificar o X como uma rede de disseminação de desinformação.
Presidente dissolve Parlamento
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, dissolveu o Parlamento na última sexta-feira (27) e oficializou a convocação de eleições antecipadas para 23 de fevereiro, após a queda do governo do social-democrata Olaf Scholz.
A coligação de Scholz ruiu devido a disputas internas sobre como reativar a principal economia da União Europeia (UE). O atentado no mercado de Natal de Magdeburg, na semana passada, reacendeu os debates sobre segurança e migração. O suspeito do crime é um médico psiquiatra de 50 anos, da Arábia Saudita, que mora na Alemanha desde 2006.
Publicações nas redes sociais rapidamente classificaram o caso como um atentado de motivação terrorista, vinculando-o a medidas de acolhimento a refugiados, sobretudo sírios, adotada pela então chanceler Angela Merkel em 2015.
Musk que já havia elogiado o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) no mesmo dia, que promove discursos anti-imigração, compartilhou publicações na sua rede social X que associavam o ataque à imigração.
Mas pouco depois do crime, mais informações sobre o perfil do suspeito vieram à tona: autodenominado "crítico do Islã", com falas a favor da AfD e restrições à imigração, o que contraria a hipótese de motivação islamista. Até o momento, acredita-se que ele agiu sozinho.
Steinmeier pediu que a campanha eleitoral seja conduzida "com respeito e decência" e alertou para o perigo de "influências estrangeiras (…) particularmente fortes no X", rede social do magnata Elon Musk.
Durante a campanha eleitoral dos EUA, vários estudos apontaram para a propagação de informações falsas, especialmente por robôs, na rede social X. "O ódio e a violência não devem ter espaço nesta campanha eleitoral, nem a difamação ou a intimidação", insistiu Steinmeier. "Tudo isso é veneno para a democracia", acrescentou.
Edição: Lucas Estanislau