Caso Marielle

Alexandre de Moraes autoriza Chiquinho Brazão a fazer exame cardíaco, mas nega que vá para prisão domiciliar

Apontado como mandante da morte de Marielle Franco, Brazão aguarda julgamento preso em Campo Grande (MS) desde março

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Apesar da prisão, das denúncias e de não ter partido, Chiquinho Brazão inicia 2025 ainda como deputado federal - Mario Agra/Câmara dos Deputados

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou que Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser um dos mandantes da execução de Marielle Franco, passe para prisão domiciliar. A decisão, publicada nesta quinta-feira (2) autorizou, no entanto, que o deputado saia da prisão para fazer uma consulta e um exame presencial com um cardiologista.  

Brazão sairá da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde está preso desde março de 2024 enquanto aguarda julgamento, com escolta da Polícia Federal. A data, horário e local do procedimento têm que ser informados pela defesa com cinco dias de antecedência.  

Nos últimos dias de 2024, a defesa de Chiquinho Brazão pleiteou que por ter coronariopatia, uma doença que afeta as artérias do coração, o deputado tivesse a prisão preventiva substituída por uma “humanitária” dentro de casa, além de uma autorização para fazer uma operação cardíaca no Rio de Janeiro. O pedido foi negado.   

O exame que deve ser feito nos próximos dias, chamado cineangiocoronariografia, pode apontar a necessidade ou não da cirurgia.  

Brazão no caso Marielle 

Chiquinho Brazão é apontado como um dos mandantes do assassinato da então vereadora pelo Psol, Marielle Franco e, portanto, também responsável pela morte do motorista Anderson Gomes.  

Com ele, também são réus o seu irmão e conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, o major Ronald Paulo Pereira e o policial militar Robson Calixto Fonseca.  

Quando vereador pelo MDB, Chiquinho foi colega de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro entre 2016 e 2018, quando ela foi executada. O seu nome foi citado na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora psolista.  

A família Brazão, que apoiou a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem como reduto político o bairro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. A região é historicamente dominada por milícias.  

Uma semana antes da execução de Marielle, em 7 de março de 2018, Chiquinho Brazão se encontrou com o miliciano Cristiano Girão. Este está também preso desde 2021, condenado por chefiar uma milícia da zona oeste da capital carioca.  

De acordo com o inquérito da Polícia Federal, a motivação para o assassinato de Marielle teria sido a divergência em relação a um Projeto de Lei apresentado por Brazão para flexibilizar as normas de ocupação do solo no município. Em depoimento ao STF em outubro, o parlamentar negou ter ligação com casos de grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro.  

A cassação do mandato de Chiquinho Brazão como deputado federal foi aprovada no Conselho de ética da Câmara dos deputados no fim de agosto de 2024. O caso precisa ainda ser pautado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP), e avaliado pelo plenário. Por isso não ter sido ainda levado adiante, Brazão inicia 2025 ainda como parlamentar. 

 

Edição: Nathallia Fonseca