ELEIÇÕES

Equador inicia corrida eleitoral e Noboa não pede licença do cargo para fazer campanha

Primeiro turno ocorrerá em 9 de fevereiro; segundo lei, é necessário pedir licença de cargo para promoções eleitorais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O atual presidente do Equador, Daniel Noboa, durante discurso para seus apoiadores no último domingo(5). Noboa não pediu licença para realizar campanha eleitoral - GALO PAGUAYAFP

Começou oficialmente no último domingo (5) a campanha presidencial para as próximas eleições do Equador, em meio a críticas ao presidente de extrema direita Daniel Noboa por não solicitar licença do cargo para fazer campanha, que, segundo as leis equatorianas, é obrigatória.

No último sábado (4), a Assembleia Nacional do país havia acordado que todos os candidatos ao cargo Executivo nestas eleições deverão pedir licença do mandato que ocupam atualmente, sem remuneração. Ao contrário do que estabelece a lei, Noboa não fez este pedido de licença.

Todos os 31 membros da Assembleia Nacional que votaram contra a lei da licença são partidários do governo de Noboa. Além disso, o atual presidente também não permitiu que a vice-presidente Verónica Abad assumisse o cargo enquanto está em campanha, movimento que deveria acontecer, caso Noboa cumprisse a lei e se afastasse do cargo durante a corrida leitoral.

Diversos setores sociais criticaram a postura de Noboa, já que isso permite que ele faça campanha usando os recursos disponíveis através da investidura no cargo, algo que a lei proíbe.

O presidente equatoriano aprofunda também a crise política que vive atualmente com a vice-presidenta Verónica Abad, que, em novembro de 2024, foi transferida para a embaixada do Equador em Ankara, na Turquia.

Segundo Abad, Noboa decidiu afastá-la das funções para impedir que ela assumisse a presidência durante a campanha eleitoral - que estaria de acordo com as leis vigentes no país. Ela justificou o atraso afirmando que a viagem para a Turquia "não estava preparada" e disse que Noboa quer dar um golpe para garantir a reeleição.

Na última sexta-feira (3), Noboa emitiu um decreto nomeando a secretária de Administração, Cynthia Gellibert, como vice-presidenta. Segundo o decreto, a nomeação permanecerá em vigor até 22 de janeiro ou até Abad assuma o cargo na embaixada do Equador na Turquia.

As disputas eleitorais ocorrem em meio a uma crise de déficit de energia no Equador, além de índices alarmantes de violência e insegurança no país, que também começou o ano prolongando o estado de exceção.

A medida, que já estava vigente em seis províncias e dois municípios equatorianos, foi estendida para a província de Sucumbíos e o município de La Troncal, em Guayas.

O país também vive uma convulsão social após o desaparecimento forçado de quatro rapazes, uma criança e três adolescentes, durante uma operação militar. Os corpos dos jovens foram encontrados perto de uma instalação da Força Aérea Equatoriana em Taura, que fica a aproximadamente uma hora do bairro de Las Malvinas, no sul de Guayaquil, onde os garotos desapareceram.

No total, 16 policiais militares estão detidos sob suspeita de envolvimento no assassinato. Cerca de 40 organizações sociais responsabilizaram Noboa pelas "graves violações aos direitos humanos" registradas em 2024, no contexto de sua luta contra o crime organizado, que levou o país a ser declarado em conflito armado interno no início do ano, com a mobilização de militares nas ruas, além de toques de recolher por todo o país.

*Com Telesur

 

Edição: Leandro Melito