SUL GLOBAL

Posse de Maduro será novo marco da batalha comunicacional sobre eleições na Venezuela, diz presidenta da Telesur

Em entrevista ao BdF, Patricia Villegas fala sobre a narrativa de meios de comunicação não hegemônicos como alternativa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Patricia Villegas no estúdio do Brasil de Fato durante entrevista exclusiva - Brasil de Fato

A posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, será um novo marco na batalha comunicacional sobre as eleições venezuelanas entre a mídia hegemônica do Norte Global e os meios de comunicação com enfoque no Sul Global. Essa é a opinião da presidenta da emissora Telesur, Patricia Villegas, que deu entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.

Para ela, o embate entre realidades, ou outras narrativas da realidade, também se dará na próxima sexta-feira (10) na posse presidencial de Maduro, cuja vitória foi ratificada pela Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, mas ignorada pelo principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, além de diversos governos estrangeiros de direita, figuras públicas e veículos de comunicação.

Sobre esse desconhecimento, Villegas afirma que "cada vez sabemos mais detalhes de como foi concebida essa narrativa, aí está novamente a batalha comunicacional, em torno da vitória popular". 


Brasil de Fato acompanha o que está acontecendo na Venezuela / Brasil de Fato/Rafael Canoba

"É muito provável que no dia 10 de janeiro haja um novo marco desta batalha", garantiu, em referência às ameaças feitas pela oposição de extrema direita de intervir na posse de Maduro.

Ainda segundo a jornalista, no dia da posse "vamos assistir a um ato protocolar e institucional e, ao mesmo tempo, a uma tentativa de deslegitimação desse processo e o campo popular deve estar muito alerta ao que pode significar essa tentativa de desestabilização".

"Ao mesmo tempo em que vemos esse grande poder hegemônico comunicacional, vemos, na realidade, que é possível quebrar, fissurar, e encontrar pequenas brechas para infiltrar a verdadeira realidade, ou o outro relato da realidade, que é ocultado de nós e invisibilizado", defende Villegas.

Assista à entrevista completa da presidenta da Telesur para o Brasil de Fato:

Segundo a jornalista, ma das grandes ferramentas e ponto central do trabalho para as mídias do Sul Global é a alfabetização digital de jovens e adolescentes, estratégia essa que ultrapassa o meio de comunicação e envolve educadores e políticas públicas eficientes de diversos governos.

E para que o meio comunicacional hegemônico possa ser lido com criticidade e outros veículos consigam levar para os povos a realidade que não é mostrada pela mídia global, um dos caminhos é a alfabetização digital, segundo Villegas.

Durante visita de Patricia ao Brasil durante a Cúpula de Mídia do Sul Global, em novembro do ano passado, foi firmado um acordo de cooperação internacional de informação entre o BdF e a Telesur. O documento também contempla a TVT (TV dos Trabalhadores) e objetiva formalizar o intercâmbio atual entre aos três meios de comunicação e aprofundar o fluxo de conteúdo e produções conjuntas.

Na entrevista, gravada em novembro, Villegas diz que, atualmente, boa parte da democracia e da governança global acontece no campo da comunicação, através das narrativas que interessam à mídia hegemônica do Norte Global.

Para a jornalista da Telesur, a batalha não está "apenas na produção de conteúdo, como pensávamos até pouco tempo atrás", explica  "A complexidade da batalha [comunicacional] nos leva a pensar em outros cenários. Propusemos cinco ideias centrais, com as quais acreditamos que não só a Telesur, mas também outros veículos do Sul Global, devem trabalhar", acrescenta.

Para combater o olhar engessado destes meios, ela defende que a Telesur vem "acumulando uma experiência, uma visão, desses produtos da própria batalha que travamos como multimeio informativo" desde a sua fundação de sua sede principal em Caracas, na Venezuela.

*Colaborou Karolina Monte, da Redação

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Edição: Leandro Melito