Soberania

Sheinbaum responde provocação de Trump e sugere renomear EUA para ‘América Mexicana’

Mandatária resgatou mapas do século XVII após Trump dizer que Golfo do México deveria ser chamado de 'Golfo da América'

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Por que não chamamos [os Estados Unidos] de América mexicana? Parece bom, não é?", questionou Sheinbaum - ALFREDO ESTRELLAAFP

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta quarta-feira (8) que os Estados Unidos deveriam ser chamados de "América mexicana", em resposta à proposta do presidente eleito estadunidense, Donald Trump, de renomear o Golfo do México como "Golfo da América".

"Obviamente o nome do Golfo do México é reconhecido pelas Nações Unidas. Por que não  chamamos [os Estados Unidos] de América mexicana? Parece bom, não é?", respondeu em tom provocativo a presidente mexicana. 

Sheinbaum fez as declarações durante sua habitual entrevista coletiva realizada pelas manhãs, e estava diante de um mapa-múndi do século XVII em que aparece a região da América do Norte, especialmente no que hoje é conhecido como os Estados Unidos e o Canadá, é chamada de América mexicana. 

O ministro do Escritório do México na Europa, José Alfonso Suárez del Real, ainda explicou baseado nos mapas que o nome da enseada foi registrado por organismos internacionais como referência náutica desde antes do surgimento dos Estados Unidos como um país.

"Ele falou sobre o nome, nós também falamos sobre o nome", finalizou Sheinbaum.

Histórico de declarações tensas

Na terça-feira (7), Trump disse em coletiva de imprensa que gostaria de mudar o nome do Golfo do México, que é uma grande entrada do oceano Atlântico em direção à costa leste do México e dos Estados Unidos, para "Golfo da América" quando assumir a Presidência dos EUA, em 20 de janeiro.

Além disso, o republicano reúne outras declarações provocativas contra o México, ao afirmar também que o país latino-americano é essencialmente governado por cartéis e acusar associações ilegais entre empresas para fixar preços de produtos e assim interferir no mercado e na economia.

Assim, o magnata anunciou que irá declarar os cartéis mexicanos como terroristas, medida que já considerava em seu mandato anterior, mas foi arquivada a pedido do então presidente mexicano, López Obrador, que concordou em cooperar em matéria de segurança, rejeitando uma possível presença militar estadunidense no seu território.

A presidente mexicana rebateu tais declarações feitas pelo magnata. “Com todo o respeito, o presidente Trump foi mal informado, porque acredito que ele foi informado de que o México ainda era governado pelo [ex-presidente neoliberal] Felipe Calderón (2006-2012) e pelo ex-secretário de Segurança Pública, Genaro García Luna [preso nos EUA desde 2019 por tráfico de drogas e crime organizado]”.

O republicano também havia ameaçado impor tarifas de 25% ao México se não impedisse a entrada de drogas e de migrantes sem documentos no seu país, uma vez que a bandeira anti imigratória foi um dos principais discursos de Trump durante sua campanha eleitoral. 

Perante as ameaças, o governo mexicano respondeu com veemência que as tarifas seriam respondidas com impostos sobre os produtos dos EUA que entrassem e seu país, e alertou que uma guerra tarifária, longe de trazer benefícios, apenas causaria perdas para o governo de Trump.

Apesar das tensões, Sheinbaum garantiu uma boa relação com Trump em seu próximo governo, com início em 20 de janeiro. De acordo com a governante mexicana, os dois países terão boa diplomacia baseada na relação que seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024) teve com o republicano em sua primeira administração (2017-2021).

*Com AFP e TeleSUR
 

Edição: Leandro Melito