Extrema direita

'Uma invenção, uma mentira': Governo da Venezuela nega prisão de opositora de extrema direita María Corina Machado

Oposição afirma que líder foi ‘interceptada’ ao deixar marcha em Caracas; BdF presenciou saída de Machado do evento

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado gesticula durante um protesto convocado pela oposição em Caracas - Juan BARRETO / AFP

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, desmentiu as alegações de que a líder da extrema direita Maria Corina Machado teria sido presa durante as manifestações da oposição nesta quinta-feira (9) em Caracas.

Em meio à marcha chavista, um dia antes da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato, o representante do governo disse que a suposta detenção de Machado foi “uma invenção, uma mentira”. Antes da confirmação do ministro, nenhuma força de segurança venezuelana havia se manifestado sobre o acontecimento. 

Cabello ainda afirmou que a suposta prisão era um “plano” de Machado para angariar apoio para a extrema direita às vésperas da posse de Maduro. Por sua vez, a equipe política da oposição, Plataforma Unitária, afirma que Machado foi "libertada" após ser "retida à força" ao final de uma manifestação em Caracas.

"Saindo da concentração em Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que viajava. Na ocorrência, armas de fogo foram detonadas. Durante o período de seu sequestro foi forçada a gravar vários vídeos e em seguida foi libertada", reportou uma publicação na rede social X, sem mencionar a suposta prisão.

A nota da sigla política foi veiculada pela imprensa internacional, que noticiou tal “interceptação” de Machado como se a opositora tivesse sido presa pelas autoridades chavistas. 

Durante o suposto período de detenção, a equipe afirma que Machado foi “forçada a gravar vídeos”, justificando um vídeo que circula nas redes sociais e jornais em que a opositora nega a suposta prisão e ressalta que está “bem e segura”. Em poucos segundos de gravação, Machado afirma que perdeu sua carteira e pertences durante a marcha em Caracas. 

A reportagem do Brasil de Fato esteve na marcha opositora, acompanhou o discurso de Machado e sua saída do evento, espontaneamente, acompanhada por sua equipe em motocicletas.

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Marchas às vésperas da posse 

Em cima de um veículo, vestida de branco e com uma bandeira venezuelana, Machado, de 57 anos, reapareceu em público nesta quinta-feira pela primeira vez desde 28 de agosto, um mês após as eleições presidenciais no país. 

"Essa força que construímos nos prepara para terminar esta fase. O que quer que eles façam amanhã [no dia da posse de Maduro], acabarão se enterrando. Que ninguém tenha dúvidas, o que fizerem amanhã marca o fim do regime”, discursou a opositora. 

Os chavistas também convocaram um ato paralelo, em Caracas e outros locais do país, para apoiar Maduro.

A cerimônia de posse presidencial está marcada para iniciar às 12h locais (13h no horário de Brasília) da próxima sexta-feira (10) no Parlamento venezuelano.

González, que pediu asilo na Espanha em 8 de setembro após ser alvo de um mandado de prisão por publicar atas eleitorais falsas e outros atos de insurreição no país, declarou que deseja voltar à Venezuela para assumir o poder.

"Nos veremos muito em breve em Caracas, em liberdade", prometeu González em um evento na República Dominicana, última parada de um giro que anteriormente o levou à Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Panamá.

Após passar por diversos países angariando apoio contra a posse de Maduro, González afirma que voltará a Caracas para assumir o poder na sexta-feira. Contudo, as autoridades venezuelanas - que oferecem U$ 100 mil dólares (R$ 613 mil) por sua captura -- já advertiram que, se ele desembarcar no país, "será preso imediatamente".

*Colaborou Lorenzo Santiago, de Caracas (Venezuela)

**Com AFP

Edição: Leandro Melito