Conflito pós-eleição

Venezuela fecha fronteira e suspende voos com Colômbia; governador cita 'conspiração internacional'

No dia da posse de Maduro, governador de estado venezuelano fronteiriço ao país vizinho disse que medida visa segurança

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Medida começou às 5h da manhã (horário local) desta sexta-feira (10) e está prevista para durar até às 5h da manhã da próxima segunda-feira (13)
Medida começou às 5h da manhã (horário local) desta sexta-feira (10) e está prevista para durar até às 5h da manhã da próxima segunda-feira (13) - Schneider/AFP

O governo da Venezuela fechou as fronteiras e suspendeu todos os voos proveniente e em direção à Colômbia. A medida entrou em vigência às 5h da manhã (horário local) desta sexta-feira (10) e está prevista para durar até às 5h da manhã da próxima segunda-feira (13).

A decisão ocorre horas antes da cerimônia de posse do presidente Nicolás Maduro, que foi reeleito para um terceiro mandato e deve realizar o protocolo presidencial nesta tarde na Assembleia Nacional do país.

Segundo o governador do estado venezuelano de Táchira, Freddy Bernal, que faz longa fronteira com a Colômbia, a decisão foi orientada pelo próprio presidente e pretende conter uma "conspiração internacional".

"Nos custou muito, nesta terra bonita de Táchira, garantir a segurança e a paz. [...] Temos a informação de uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos e, em especial, dessa zona de fronteira", disse.

"Faço um chamado à compreensão de todos os setores da sociedade: pecuaristas, empresários, empreendedores e todo o povo que cruza a fronteira", apelou.

As autoridades do estado fronteiriço de Zulia, governado pela oposição, também confirmaram o fechamento de suas fronteiras terrestres com a Colômbia, com destacamentos de tropas da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). 

Já a suspensão dos voos foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores colombiano. Pelas redes sociais, a Chancelaria afirmou que a decisão foi tomada de maneira unilateral e que, por parte do governo da Colômbia, as fronteiras seguiriam abertas.

"O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia foi informado ontem pelo governo da República Bolivariana da Venezuela, através dos devidos canais diplomáticos, que unilateralmente e por motivos internos fecharão a fronteira com a Colômbia e seu espaço aéreo por 72 horas a partir das 5h", disse, em anúncio feito às 0h desta sexta-feira (10).

Maduro no poder

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tomará posse nesta sexta-feira para o terceiro mandato em um contexto ainda questionado pela oposição do país. A cerimônia foi alvo de uma disputa com a oposição venezuelana nos últimos cinco meses. O grupo de extrema direita tenta interferir na juramentação do chavista e questiona o resultado do pleito.

Maduro será o presidente mais longevo da história da Venezuela. Se terminar seu mandato em 2031, ele terá ficado 18 anos no comando do país e superará o libertador Simón Bolívar, que chefiou o governo venezuelano por 15 anos. Ele foi eleito em 28 de julho de 2024 com 6,4 milhões de votos (51,97%) contra 5,3 milhões (43,18%) do opositor Edmundo González Urrutia.

Se, por um lado, o governo afirma que o evento está garantido e não deverá ter intercorrências, por outro, a oposição questiona os resultados e afirma que tentará interferir na cerimônia. O ex-candidato da Plataforma Unitária, Edmundo González Urrutia, fez um tour por países governados pela direita em uma tentativa de articulação para pressionar o governo de Maduro.

O grupo da extrema direita também tentou convocar opositores às ruas e tem usado as redes sociais para tentar esquentar o clima para este 10 de janeiro. Tendo esse pano de fundo, a quinta-feira (9) foi marcada por marchas que testaram a capacidade de mobilização da direita de fazer pressão sobre o governo e das forças de segurança em garantir que nada saia do previsto durante a posse. 

As manifestações, no entanto, foram esvaziadas e arrefeceram o ímpeto dos opositores. O governo reforçou o esquema de segurança para a posse nos últimos dias e as forças policiais atuaram nesta quinta-feira. Mesmo sem acompanhar de perto as manifestações, agentes de segurança atuaram rápido para evitar conflito no momento mais movimentado das duas marchas, quando houve um encontro entre ambas. 

Edição: Martina Medina