As doenças respiratórias voltaram a aumentar com a chegada do inverno na China. Assim como ocorreu no ano passado, algumas imagens de hospitais com pacientes começaram a circular no começo de 2025 nas redes sociais e mídias asiáticas e ocidentais gerando um alerta inexistente no país.
Um dos motivos dos alarmes foi o aumento da presença do metapneumovírus humano (HMPV, na sigla em inglês), um vírus registrado pela primeira vez na revista Nature em 2001 por um grupo de virologia da Holanda.
"É um vírus comum que circula no inverno e na primavera. Geralmente causa sintomas respiratórios semelhantes aos do resfriado comum", disse Margaret Harris, epidemiologista da Organização Mundial da Saúde.
Desde o início do ano publicações em diferentes idiomas com imagens da época da pandemia na China circulam nas redes sociais com a falsa informação de que o país teria decretado estado de emergência devido a um suposto surto de doenças respiratórias.
Além das notícias falsas nas redes sociais, o tom de alerta de mídias fora da China contribuem para o clima de alarme por uma crise sanitária global. O canal de notícias indiano em inglês WION – com quase nove milhões e meio de seguidores no YouTube – falou sobre um "surto de vírus misterioso", e questionou se a China estaria "ocultando os riscos secretos (sic) de seu surto de vírus".
O jornal britânico Independent afirmou que "há relatos de hospitais superlotados, unidades de terapia intensiva (UTIs) sobrecarregadas e novas medidas de monitoramento", o que é falso ou parcial.
O perfil sensacionalista brasileiro no X (ex-Twitter), "Choquei", associou o HMPV à pandemia. "5 anos após covid-19, China enfrenta nova infecção viral". "Cientistas dizem que HMPV pode ser tão contagioso quanto o coronavírus", postou o perfil.
Essa situação é similar à que ocorreu há exato um ano reportada pelo Brasil de Fato, quando diversas mídias fora da China utilizaram os aumentos típicos de doenças respiratórias de inverno para especular sobre uma suposta doença misteriosa.
Qual é a situação na China: médicos explicam
Há realmente uma maior incidência de doenças infecciosas respiratórias e a taxa de detecção positiva do vírus influenza aumentou significativamente, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China.
Segundo dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, a taxa de casos ambulatoriais e de emergência de Síndrome Gripal aumentou 6,2% da última semana de 2024 para a primeira de 2025. Essa síndrome é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma infecção respiratória aguda com início nos últimos 10 dias, com tosse e temperatura igual ou maior a 38°C. Ainda segundo o órgão, o nível de incidência da influenza varia entre as províncias, sendo ligeiramente maior nas províncias do norte.
Porém os níveis ainda são menores do que no mesmo período do ano passado. Esse índice, na primeira semana do ano passado, foi de 9,7% nas províncias do Sul da China, e de 7,2% nas províncias do Norte.
A médica Wang Quan, chefe do Hospital Infantil de Pequim, disse em uma coletiva de imprensa organizada pela Comissão Nacional de Saúde no dia 5 de janeiro que a época é de alta incidência de infecções respiratórias em crianças. Os principais patógenos são os vírus de tipo influenza e o mycoplasma pneumoniae.
Edição: Lucas Estanislau