O secretário-geral da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Tratado de Comércio para os Povos (Alba- TCP), Jorge Arreaza, rebateu neste domingo (12) o pedido de intervenção militar na Venezuela, feita pelo ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Segundo Arreaza, se um líder venezuelano pedisse intervenção em outro país, haveria uma resposta contundente.
“Se na Venezuela um líder nacional solicitasse uma intervenção militar contra qualquer país do mundo, as instituições agiriam imediatamente. É um crime grave que, sendo também um país vizinho, põe em perigo a paz e a estabilidade da própria Colômbia”, afirmou o secretário-geral da Alba.
O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe pediu no sábado (12) que o governo de seu país promova uma intervenção militar na Venezuela para impor “novas eleições”. Em discurso para apoiadores em Cúcuta, cidade que faz fronteira com a Venezuela, ele chamou Maduro de “golpista e ditador”.
“Que esse golpista saiba que o que defendemos é uma intervenção militar internacional junto ao exército venezuelano que retire a ditadura. Pedimos a intervenção internacional, de preferência apoiada pelas Nações Unidas, para retirar estes tiranos do poder e convocar imediatamente eleições livres”, afirmou.
Nesta segunda-feira (13), Álvaro Uribe voltou a falar sobre a Venezuela em seu perfil no X. Dessa vez, o ex-mandatário citou o artigo 350 da Constituição venezuelana para sugerir uma “desobediência civil”. De acordo com o trecho da Carta Magna, “o povo da Venezuela desconhecerá qualquer regime, legislação ou autoridade que contrarie os valores, princípios e garantias democráticas”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também respondeu a Uribe. Durante o Festival Internacional Antifascista, o mandatário chamou o colombiano de “covarde” e disse que esperaria por ele “no campo de batalha”. A fala foi feita durante o encerramento do festival, realizado no dia seguinte à posse do chavista para o terceiro mandato.
“Álvaro Uribe Vélez, triste paramilitar e traficante de drogas, assassino e criminoso, hoje pedindo a intervenção militar da Venezuela. Covarde. Venha na frente das tropas Álvaro Uribe, esperarei por você no campo de batalha, covarde, mesquinho, fascista. Criminoso, traficante de drogas", afirmou Maduro.
O próprio presidente Gustavo Petro respondeu a fala de Uribe pedindo para que o setor político que apoia o ex-presidente “pare de pensar em matar nossos irmãos”.
Uribe e Venezuela
Uribe tem rivalidade histórica com o chavismo, desde o período em que comandou a Colômbia, de 2002 a 2010. O ex-presidente venezuelano Hugo Chávez rompeu relações diplomáticas com a Colômbia no último ano de mandato de Uribe. Bogotá havia denunciado ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) a existência de acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) na Venezuela.
Maduro herdou essa relação conflituosa e tem denunciado, desde o começo de 2024, uma articulação do ex-presidente da Colômbia contra a Venezuela. Em abril, o venezuelano chegou a dizer que Uribe e o fundador do partido opositor venezuelano Vontade Popular, Leopoldo López, planejaram “ataques terroristas” contra a Venezuela. Segundo o mandatário, os planos estavam sendo articulados com paramilitares para serem realizados na fronteira com a Colômbia.
O presidente venezuelano disse que os planos seriam executados em locais ao redor do estado de Zulia. O objetivo era atacar serviços públicos durante o período eleitoral. Maduro pediu “alerta máximo” às Forças Armadas e aos serviços de inteligência do país pela “paz e segurança na Venezuela”.
“Tenho informação de que Leopoldo López se encontrou com outros terroristas como Álvaro Uribe Vélez e tenho informação sobre planos de que se preparam para atacar as regiões dos Estados de Zulia e Táchira, com terroristas, paramilitares e para atacar serviços públicos”, disse Maduro naquele momento, anterior às eleições de 28 de julho.
Edição: Leandro Melito