Os principais sindicatos da Bélgica, Sindicato Cristão (ACV), Socialista (ABVV) e Liberal (ACLVB), convocaram uma greve nacional nesta segunda-feira (13) contra os planos de reforma do sistema previdenciário do país.
A nação europeia está há sete meses sem conseguir formar um governo após as eleições legislativas de junho, que culminaram na derrota do partido governista, o liberal flamengo OpenVLD, que conseguiu apenas 5,4% dos votos. Após os resultados, o primeiro-ministro, Alexander De Croo, renunciou e continua como mandatário interino até a formação de um novo governo.
Entre as coalizões que disputam o governo belga, estão os partidos democratas-cristãos Les Engagés e CD&V, conhecidos como Arizona - defensores da reforma previdenciária.
“Os planos do Arizona são um ataque frontal às pensões dos trabalhadores e um retrocesso sem precedentes para o sistema da função pública. Todos têm direito a uma pensão digna”, declarou o ACLVB em defesa da greve.
“Se [o deputado Bart] De Wever quiser poupar três mil milhões em pensões, então serão todos os trabalhadores que pagarão a conta!”, protestou o sindicato. O membro do Parlamento belga é do partido de direita Nova Aliança Flamenga (N-VA) e responsável pela formação do governo no país.
Os movimentos exigem “boas condições de emprego ao longo da carreira; carreiras mais curtas para trabalhos pesados; contribuições patronais para a segurança social de acordo com as necessidades; espaço para verdadeiro diálogo social e previdências mais altas”, denunciando que as pensões na Bélgica estão entre as mais baixas da Europa.
Por meio do Facebook, o sindicato declarou que cerca de 30 mil trabalhadores compareceram à greve “para dar um sinal forte aos políticos e negociadores”. “A onda de incerteza que estão criando [referente à demora da formulação do governo] deve abrir caminho para soluções claras e justas”.
“Trabalhar na Bélgica merece respeito, segurança e uma previdência decente!”, instou.
A manifestação interrompeu o tráfego aéreo e ferroviário na Bélgica. 40% das decolagens e pousos programados no aeroporto de Bruxelas, o maior do país, foram cancelados depois que carregadores de bagagem e equipes de segurança se juntaram ao protesto, disse à AFP a empresa que opera o terminal.
Enquanto isso, o aeroporto de Charleroi, no sul, cancelou todas as decolagens do meio-dia de segunda-feira até "o final do dia", citando uma "escassez significativa inesperada" de agentes de segurança.
As ferrovias também sofreram uma série de cancelamentos, com apenas um em cada três trens que conectam as principais cidades belgas em circulação nesta segunda.
A greve também afetou diversas escolas na metade norte do país. Muitos professores, especialmente na região de língua holandesa de Flandres, aderiram à greve, de acordo com os sindicatos.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito