O Instituto João Goulart assinou neste final de semana uma série de acordos na Venezuela com o Instituto Simón Bolívar (ISB) para o intercâmbio cultural e educativo entre as duas entidades. O objetivo desse documento é a troca de informações e opiniões sobre o “desenvolvimento social e cultural dos povos” de Venezuela e Brasil.
O convênio Interinstitucional foi assinado durante a visita à Caracas do presidente do instituto e filho do ex-presidente Jango (1961-1964), João Vicente Fontella Goulart. Do lado venezuelano, o documento foi assinado pelo vice-ministro para América do Norte e presidente do Instituto Simón Bolívar, Carlos Ron.
O texto determina o compartilhamento de informações, documentos e experiências, além da doação de livros entre os institutos e define que as duas partes devem criar uma programação para a realização de conferências, seminários, oficinas e programas de visita mútuos.
Já no campo da pesquisa, tanto o ISB quanto o Instituto João Goulart devem realizar estudos sobre “temas de interesse comum” e definir publicações conjuntas.
Segundo o presidente do Instituto João Goulart, essa é uma forma de intercâmbio cultural importante e estratégica entre duas entidades que têm um trabalho de preservação da memória. De acordo com ele, já foi discutido um planejamento para trazer filmes e exposições sobre a vida de Jango para a Venezuela.
“Saio da Venezuela muito contente porque esse intercâmbio entre dois institutos que prezam pela conservação da memória nacional se torna importante na troca de ações culturais. A gente conversou em trazer filmes do Jango e uma exposição que temos sobre o golpe de Estado", disse João Vicente ao Brasil de Fato.
"Trabalhamos justamente a conservação da memória, que não pode ser jogada no lixo ou falada de outra maneira. Passamos 60 anos do golpe sem remoer e temos que remoer isso porque as lutas dos movimentos são lutas de pautas e o Jango sempre defendeu a autodeterminação dos povos."
O texto também afirma que as controvérsias para o cumprimento do acordo serão resolvidas de maneira “amistosa” entre as partes. O documento é válido por um ano e poderá ser renovado por períodos de mesma duração.
A delegação do instituto que foi à Venezuela também teve um encontro com o presidente Nicolás Maduro. Em carta enviada ao mandatário, a ex-primeira-dama Maria Thereza Fontella Goulart, que foi casada com o ex-presidente João Goulart durante o seu mandato (1961-1964), reforçou que há “inúmeros pontos de convergência” entre o Instituto e a Revolução Bolivariana, como o fortalecimento da soberania nacional, reforma agrária e uma política externa independente.
Convite à posse
Maria Theresa foi convidada pelo governo venezuelano para acompanhar a posse de Maduro para o terceiro mandato na última sexta-feira (10). Ela não pôde ir por “questões de ordem familiar”. João Vicente acompanhou a cerimônia e disse que todo o dia de atividades presidenciais foi “muito tranquilo e festivo”, mesmo com a contestação dos resultados e ameaça, por parte da oposição de extrema direita, de interferir nos resultados.
O presidente do Instituto João Goulart também reforçou esse afinamento político
O filho de Jango também questionou a posição do presidente do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP-AL) em relação à posse do chavista. Mesmo sem apresentar provas, Lira chegou a dizer que a cerimônia “afronta a vontade do povo venezuelano” e disse que a democracia “exige eleições limpas”.
“Oposição existe em todos os países e isso é uma independência política de cada país. Vi a Corina Machado fazendo protestos de forma livre, como acontece em qualquer democracia. Lamento algumas declarações, inclusive do Lira falando que isso não é democracia. Fico surpreso com o presidente do Parlamento, porque talvez ele queira chamar a Corina para participar das emendas secretas”, disse João Vicente.
Edição: Leandro Melito