O vice-presidente eleito dos Estados Unidos, J.D. Vance, afirmou no último domingo (12) à emissora Fox News que os invasores do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, não devem receber perdão presidencial com a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
A declaração vai na contramão de afirmações anteriores do magnata republicano, que considerou perdoar inclusive os culpados por agredir policiais. Na última terça-feira (7), Trump prometeu “grandes perdões” relacionados à invasão à sede do Congresso estadunidense, em protesto às eleições de 2020 que levaram Joe Biden à Presidência.
Questionado por Shannon Bream, jornalista da emissora apoiadora de Trump, quais acusados serão considerados para o perdão, Vance respondeu que a questão “é bastante simples”.
“Se você protestou pacificamente e foi tratado por Merrick Garland [procurador-geral dos EUA] e pelo Departamento de Justiça como membro de uma gangue, você deve ser perdoado. Se você cometeu violência naquele dia, obviamente não deve ser perdoado”, declarou o político republicano.
O vice de Trump afirmou ainda que “há várias pessoas que foram processadas injustamente no 6 de janeiro” e o futuro governo, que assume a Casa Branca em 20 de janeiro, “precisa retificar isso”.
Segundo o jornal britânico The Guardian, após a entrevista, Vance recuou e afirmou que a anistia seria considerada “para pelo menos alguns condenados no ataque de 6 de janeiro de 2021” . O futuro vice-presidente alegou que o governo Trump “se importava com pessoas que tiveram um julgamento ruim e foram injustamente presas".
Groenlândia
Na mesma entrevista, Vance afirmou que os Estados Unidos não precisam "usar a força militar" e lembrou que seu país já tem "tropas na Groenlândia", na esteira das ameaças de Trump em tomar e controlar a região, que é um território autônomo pertencente à Dinamarca.
Em resposta, o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede afirmou nesta segunda-feira (13) que a ilha, localizada próximo ao Ártico, está aberta a estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente em áreas onde há recursos minerais inexplorados, segundo a emissora pública groenlandesa KNR.
O chefe do governo groenlandês acrescentou que o território está com as "portas abertas para a mineração". "Precisamos fazer negócios com os Estados Unidos. Começamos a dialogar e procurar oportunidades de cooperação com Trump", declarou Egede.
O premiê também afirmou que a ilha, com 57 mil habitantes, continuará cooperando com os EUA, mas em seus próprios termos, e que "o povo groenlandês" será quem "decidirá seu futuro". Assim, indicou que a Groenlândia não está disposta a fazer parte do território estadunidense.
Além de sua posição estratégica, a Groenlândia, que aspira se tornar independente da Dinamarca, possui enormes reservas minerais e de petróleo inexploradas, embora a exploração de petróleo e urânio seja proibida.
"Não queremos ser dinamarqueses. Não queremos ser estadunidenses. Queremos ser groenlandeses, é claro", finalizou Egede.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito