O publicitário Sidônio Palmeira tomou posse na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), na manhã desta terça-feira (14), em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. Ele substitui Paulo Pimenta, que deixou o cargo após críticas à sua gestão. O baiano de 66 anos chega à Secom com a tarefa de redesenhar as estratégias de comunicação do governo federal, que vêm sendo mal avaliadas internamente.
Em seu discurso de posse, Palmeira destacou sua inexperiência na gestão pública e leu um discurso no qual agradeceu ao presidente Lula pela confiança. “Nunca esteve nos meus planos estar aqui, embora considere a política e a gestão pública como únicas vias de construção de uma sociedade mais justa (...) o que me traz aqui é a força que me fez contribuir nas eleições de 2022, a mais importante da história do país, e a força de lutar do lado certo da história”, disse o novo ministro.
Palmeira listou uma série de feitos do governo federal na primeira metade do mandato presidencial, e ponderou: “Mas esse trabalho não está sendo percebido por parte da população. A informação dos serviços não chega na ponta. A mentira nos ambientes digitais fomentada pela extrema direita cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”, declarou Palmeira. “Precisamos ampliar nossa concepção do papel da comunicação nesse novo mundo. A comunicação está no centro dos grandes desafios mundiais”, afirmou.
De saída, Paulo Pimenta disse que é um “petista raiz”, e também agradeceu ao presidente ao República. O deputado federal pelo Rio Grande do Sul recordou sua trajetória política e a relação com o mandatário, sobretudo no período da Operação Lava Jato e prisão de Lula.
“Depois de 2016, o golpe contra a presidenta Dilma, a perseguição a todos os líderes políticos de esquerda deste país que culminou com a perseguição da Lava Jato ao presidente Lula... nós estávamos lá, junto com ele em São Bernardo, quando ele foi levado para Curitiba. Estivemos com ele durante todos aqueles 580 dias e, de certa forma, a minha presença desse ministério é também uma representação desses milhões de militantes anônimos que teimaram durante esse tempo e acreditaram nesse sonho da liberdade do presidente Lula”.
Pimenta deu razão ao presidente para a troca na Secom. “Acho que o presidente tem toda razão quando ele quer uma sacudida na comunicação. Eu sempre digo para o presidente, a gente fala muito sobre futebol. Quando tem um presidente de um time popular, como o nosso time, e a gente sabe o que time é bom, e o resultado ali na tabela não está o que a gente espera, o presidente tem obrigação de dar uma satisfação para a torcida", disse. "E o primeiro que paga a conta é o técnico. Eu sou o técnico”, declarou.
O agora ex-ministro informou à imprensa, em coletiva posterior ao ato, que ainda não foi discutido qual será seu próximo destino profissional.
O presidente Lula assinou o termo de posse do novo ministro, mas não fez pronunciamento. Compareceram pessoas próximas a Palmeira, como o ex-governador e atual Senador da Bahia, Jaques Wagner, e o atual chefe do Executivo baiano, Jerônimo Rodrigues. A cerimônia ainda contou com a presença de diversos ministros do governo.
Mudanças
Em coletiva de imprensa logo após ser empossado, o novo ministro confirmou a nomeação do publicitário Thiago César como o novo secretário-executivo da pasta. O atual secretário de comunicação institucional, Laércio Portela, vai assumir a secretaria de imprensa. Segundo o ministro, mais mudanças devem ser anunciadas nos próximos dias.
“Nós estamos entrando no segundo tempo. Terminou o primeiro tempo e o segundo é bem mais decisivo”, declarou Palmeira aos jornalistas. O novo ministro reafirmou não gostar de ser chamado de “marqueteiro”, e destacou que a comunicação do governo é um trabalho coletivo. “Eu não gosto muito do termo porque concentra numa pessoa, que é esse cara, que é genial, esse cara que sabe tudo. Esquece que é todo um conjunto de profissionais”.
Sobre o enfrentamento à desinformação, Palmeira afirmou que é preciso chegar primeiro com a verdade e ocupar o espaço para que a mentira não tenha espaço. “Você tem que ocupar todo o espaço, ocupar com a verdade. Então quando vem a desinformação, a fake news, esse terreno está ocupado”, disse o ministro. “Anteriormente, a gente tinha as colônias, tinham as neocolônias. Hoje tem uma outra forma de entrar nos países, que são as redes sociais com desinformação e com o discurso do ódio”, avaliou.
O novo ministro disse que se reunirá com a Advocacia-Geral da União (AGU) para avaliar a resposta enviada pela plataforma Meta diante dos questionamentos feitos pelo governo federal após o executivo da empresa, Mark Zuckerberg, anunciar o fim das ferramentas de checagem de fatos em suas redes. O ministro disse que vai se somar aos esforços do governo para a aprovação de uma lei que regule a atuação de plataformas de mídias digitais no Congresso Nacional.
Quem é Sidônio Palmeira?
Sidônio Palmeira é baiano, de 66 anos, formado em engenharia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Participou das lutas estudantis do começo da década de 1980 pela abertura política no país e em oposição ao então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães. Após se formar, trabalhou em campanhas políticas como a da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), quando se candidatou e se elegeu prefeita de Salvador em 1992. Em 2006, foi o publicitário responsável pela campanha do atual senador Jaques Wagner (PT) ao governo da Bahia e, a partir daí, passou a ser figura influente dentro do Partido dos Trabalhadores.
Em 2018, fez a campanha presidencial de Fernando Haddad (PT), derrotado naquele ano por Jair Bolsonaro (PL); e em 2022, foi convidado para coordenar a comunicação da campanha vitoriosa de Lula à Presidência, se tornando um conselheiro próximo do presidente para assuntos de comunicação.
Edição: Nathallia Fonseca