Um confronto entre grupos paramilitares rivais na guerra civil do Sudão levou milhares de pessoas a fugirem de Darfur do Norte, segundo informou a agência de migração da ONU nesta quarta-feira (15).
"Estima-se que 2.129 famílias tenham sido deslocadas" na última terça-feira (14), informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM), devido aos combates entre as Forças de Apoio Rápido (FAR), em guerra com o Exército do Sudão, e as Forças Conjuntas do Acordo de Paz de Juba, aliadas ao exército.
Desde abril de 2023, a guerra entre o chefe do exército, Abdel Fatah al-Burhan, e seu ex-vice e agora comandante das FAR, Mohamed Hamdan Daglo, causou dezenas de milhares de mortes em todo o país.
O conflito também deslocou 12 milhões de pessoas e causou o que a ONU chama de uma das piores catástrofes humanitárias da história recente.
A vasta região ocidental de Darfur abriga cerca de um quarto da população do Sudão e metade dos deslocados pelo conflito. Segundo a ONU, cerca de 1,7 milhão de pessoas estão deslocadas somente no estado de Darfur do Norte, das quais dois milhões sofrem de fome em níveis críticos e 320 mil estão em situação de fome.
A ONU e as organizações humanitárias temem que a guerra degenere em uma nova violência étnica, especialmente em Darfur, que já foi devastada há mais de 20 anos pela política de terra arrasada dos Janjaweed, milicianos árabes que, desde então, se juntaram às FAR.
Entre os acontecimentos recentes do conflito, mais de 120 civis foram mortos na última segunda-feira (13) em bombardeios na cidade sudanesa de Omdurman, perto da capital Cartum, segundo informou na terça-feira (14) uma rede de trabalhadores voluntários de ajuda humanitária do país africano.
Os socorristas indicaram que havia também “um grande número de feridos” e que enfrentavam uma grave falta de suprimentos médicos para tratá-los.
A rede de voluntários classificou a ação como um “ataque indiscriminado”, que aconteceu no oeste de Omdurman, sem especificar quem foram os autores.
A maior parte de Omdurman está sob o controle do Exército, enquanto as FAR controlam Cartum Norte (Bahri), do outro lado do Nilo, e também parte da região da Grande Cartum.
Apesar de não se saber quem realizou o ataque, o Exército do Sudão e as forças das FAR já foram acusados de crimes de guerra, principalmente de bombardeios indiscriminados em áreas povoadas.
*Com AFP