O presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo, foi oficialmente empossado nesta quarta-feira (15) em meio a um forte dispositivo de segurança após meses de violentos protestos pós-eleitorais, incentivados pela oposição de extrema direita.
Na Praça da Independência da capital Maputo, Chapo, que lidera o partido governista desde quando o país conquistou a independência de Portugal, em 1975 (partido marxista Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo), jurou "cumprir fielmente a função de presidente da República" pelos próximos cinco anos.
Aos 48 anos, Chapo, que não tem experiência de governo, sucederá Felipe Nyusi, que esgotou seu limite de dois mandatos no país.
Em seu primeiro discurso empossado, o político prometeu "dedicar todas as energias à defesa, promoção e consolidação da unidade nacional, dos direitos humanos, da democracia e do bem-estar do povo moçambicano", segundo a AFP.
Chapo afirmou que o diálogo político no país já está em andamento e que “a harmonia social não podia esperar”. "Não será uma jornada fácil, mas temos que ter plena confiança na força do povo moçambicano, na nossa unidade nacional”, declarou.
Em crise política devido a contestações sobre a eleição presidencial, sete pessoas morreram em manifestações que coincidiram com a posse de Chapo. A ONG moçambicana Decide, que acompanha o processo eleitoral, registrou mortes em Maputo e em Nampula, no norte do país.
Crise política
No pleito presidencial, Chapo obteve oficialmente 65% dos votos. A oposição denuncia uma eleição "roubada" pelo partido Frelimo, cuja vitória foi confirmada antes do Natal pelo máximo tribunal do país.
Neste contexto, o líder da oposição pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), de extrema-direita, Venâncio Mondlane, convocou protestos.
Conhecido coloquialmente como "VM", o opositor de 50 anos retornou na última semana do exílio autoimposto após o assassinato de dois de seus associados próximos em outubro. Mesmo com a posse de Chapo, pediu que os atos “continuem por muito tempo”.
Mondlane declarou disposição em dialogar com o governo, mas questionou a violência das forças governamentais contra seus apoiadores.
"Este regime não quer paz", acusou o opositor. "E se eles não querem paz, não recuaremos. Se necessário, protestaremos todos os dias, 365 dias por ano", alertou ao pedir que os atos continuem até "paralisar" o país.
Na última segunda-feira (13), confrontos com as forças de segurança no centro e norte do país deixaram seis mortos, segundo a ONG Decide.
Desde outubro, a violência pós-eleitoral, que evoluiu para um protesto mais amplo contra o governo sob a administração do Frelimo, causou mais de 300 mortes, de acordo com a ONG.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito