JUSTIÇA

Norberto Mânica, mandante da Chacina de Unaí, é preso no Rio Grande do Sul 21 anos depois do crime

Fazendeiro foi condenado a 64 anos de prisão pela morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho em 2004

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Norberto Mânica durante o Tribunal do Júri, em 2015 - Clarissa Barçante/ALMG

Um dos mandantes do assassinato de três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho em 28 de janeiro de 2004, no município de Unaí (MG), Noberto Mânica, foi preso nesta quarta-feira (15) em Nova Petrópolis, cidade da serra gaúcha. Ele foi sentenciado em 2023 a 64 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o condenado tentou ocultar a identidade, mas foi reconhecido e preso em seguida. O irmão dele, Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, também foi condenado e preso em 2023.

O caso, que ficou conhecido nacionalmente como "Chacina de Unaí", resultou na morte dos auditores Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Aílton Pereira de Oliveira. As vítimas faziam uma fiscalização de rotina contra o trabalho escravo em Unaí, cidade que é a maior produtora de feijão do Brasil. Os três atiradores - Erinaldo Vasconcelos, Rogério Allan e William Miranda - também foram condenados e estão presos desde 2004. Além das penas de privação de liberdade, os envolvidos no crime foram condenados a pagar R$ 30 milhões à União, recursos que devem ser utilizados para o pagamento de pensões e indenizações às famílias das vítimas.

Em fevereiro de 2024, mais de 20 anos após o crime, a Polícia Federal (PF) conseguiu prender Hugo Pimenta, um dos homens condenados por contratar os pistoleiros que executaram os fiscais de trabalho em 2004. O empresário do agronegócio era procurado pela polícia após ter sido condenado a 96 anos de prisão, pena que foi reduzida para 41 anos, posteriormente. Além de Pimenta, José Alberto de Castro também foi condenado por ter contratado os atiradores.

Em 2009, o dia 28 de janeiro foi declarado como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, em respeito aos servidores mortos em Unaí. Nesse contexto, em janeiro do ano passado, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) realizou um ato público em Brasília para exigir justiça. A manifestação reuniu mais de 70 funcionários da auditoria fiscal do trabalho e aconteceu em frente ao Ministério do Trabalho e Emprego, na Esplanada dos Ministérios.

Violações de direitos de trabalhadores, como situações de trabalho análogo à escravidão, podem ser feitas através do Disque 100, canal criado pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para o acolhimento das denúncias.

Edição: Nicolau Soares