Milhares de habitantes da Faixa de Gaza comemoraram nesta quarta-feira (15) o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas.
Jornalistas da agência AFP em Deir el-Balah, na região central de Gaza, e em outras áreas, testemunharam pessoas se reunindo em grupos, abraçando-se e tirando fotos com seus celulares para marcar o anúncio.
O correspondente da emissora Al Jazeera, Hani Mahmoud, informou que uma “multidão maior do que o esperado” foi às ruas celebrar a notícia.
A emissora catari conversou com alguns civis palestinos e registrou suas expectativas sobre o acordo que aproxima o fim do conflito que deixou pelo menos 46.707 pessoas mortas, a maioria civis, entre eles mulheres e crianças, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza.
Abdallah al-Baysouni declarou que está ansioso para retornar para casa e reunir-se com sua família. “Estamos muito felizes que esta crise — esta tristeza, bombardeio e morte que nos aconteceram — finalmente acabou. Retornaremos às nossas cidades natais, às nossas famílias em Beit Hanoon [no norte de Gaza], e às nossas vidas antigas e seremos felizes e viveremos como costumávamos”, declarou al-Baysouni à Al Jazeera.
Mohammed al-Nabahin afirmou estar “muito feliz”. “Queremos ver a Cidade de Gaza. Sentimos falta dela. É verdade que muitas pessoas de Gaza não têm casas para onde retornar, mas é bom estar em sua vizinhança”, declarou. Apesar do cessar-fogo, o jovem disse “sentir falta dos parentes queridos que foram martirizados”
Haitham Doghmosh relatou “felicidade” e “alívio” após “15 meses de agressão implacável, assassinato e destruição”. À emissora, Um Mohammed lamentou a perda de seus familiares e disse que a população palestina está “exausta”.
Reações internacionais
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou o acordo, alcançado cinco dias antes de sua posse. Ele foi o primeiro líder internacional a fazer uma declaração sobre o cessar-fogo, antes mesmo do atual mandatário, Joe Biden.
"Temos um acordo para a libertação dos reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado", escreveu o republicano em sua rede Truth Social.
Trump disse ainda que impedirá que Gaza se torne um “porto seguro para terroristas” e “continuará a trabalhar em estreita colaboração com Israel e aliados” para isso. Apesar da afirmação do magnata, o futuro do enclave palestino no pós-guerra ainda não foi objeto de acordo entre Israel e o Hamas.
Biden fez uma declaração posteriormente esclarecendo que a trégua de três etapas acordada entre Israel e o Hamas inclui um “cessar-fogo total e completo” como parte da primeira fase e um “fim permanente da guerra” em uma segunda fase não finalizada.
“A primeira fase durará seis semanas. Ela inclui um cessar-fogo total e completo, a retirada das forças israelenses de todas as áreas povoadas de Gaza e a libertação de vários reféns mantidos pelo Hamas”, disse Biden em um discurso na Casa Branca.
“Durante as próximas seis semanas, Israel negociará os arranjos necessários para obter a fase dois, que é o fim permanente da guerra”, acrescentou.
O democrata disse estar "empolgado" com a libertação dos reféns, atribuindo o sucesso das conversas à "diplomacia persistente e meticulosa" dos Estados Unidos, rejeitando o crédito reivindicado por Trump.
"Este acordo interromperá os combates em Gaza, aumentará a assistência humanitária tão necessária aos civis palestinos e reunirá os reféns com suas famílias após mais de 15 meses de cativeiro", afirmou o presidente estadunidense.
A União Europeia "aplaudiu" o anúncio de um acordo de trégua entre Israel e Hamas após mais de 15 meses de guerra na Faixa de Gaza.
"Aplaudo o acordo de cessar-fogo e o acordo sobre os reféns entre Israel e Hamas, que darão um respiro muito necessário às pessoas afetadas por este conflito devastador", disse, na rede social X, a comissária europeia para o Mediterrâneo, Dubravka Suica.
O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, confirmou o cessar-fogo, que deve entrar em vigor a partir do próximo domingo (19).
“Os dois beligerantes na Faixa de Gaza chegaram a um acordo para troca dos reféns e prisioneiros. Os mediadores anunciam um cessar-fogo na esperança de chegar a um cessar-fogo permanente entre os dois lados”, declarou.
O governo catari especificou que o cessar-fogo será monitorado por um órgão conjunto dos três países mediadores (Estados Unidos, Egito e Catar) sediado no Cairo, capital do Egito.
*Com AFP
Edição: Lucas Estanislau
