CÚPULA DOS POVOS

No ano da COP-30, movimentos fortalecem construção da Cúpula dos Povos

Iniciativa busca protagonismo da sociedade civil e agenda ambiental justa, popular e inclusiva

Brasil de Fato | Belém (PA) |
Iniciativa mobiliza a sociedade civil em defesa de um legado concreto por justiça climática - Mariana Castro

Chegamos ao ano da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que deve reunir os principais líderes mundiais no Brasil. Paralelo ao evento, em todo o mundo, mais de 400 movimentos populares e organizações da sociedade civil constroem a Cúpula dos Povos, que deve denunciar falhas no combate à crise climática e apresentar pautas de reivindicações populares.

"Nós temos a expectativa de construir um grande trabalho de base em todo o país e a nível internacional, com a convocação do mundo para construir uma Cúpula dos Povos que proponha uma transição ecológica, popular e soberana em que os territórios e sujeitos estejam no centro do debate, que o povo seja o centro do debate. Então, nesse ano estaremos construindo várias iniciativas que tornem popular e acessível o debate do clima, da transição energética, da preservação e conservação ecológica global", esclarece Pablo Neri, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As organizações têm se reunido em espaços diversos desde agosto de 2023, na construção de propostas que têm como eixo principal a crise climática e suas consequências, como explica Márcio Astrini, Secretário-executivo do Observatório do Clima.

"Tudo o que acontecer nessa agenda de clima, tudo o que acontecer de evento extremo, sempre tem um endereço claro e direto que são as populações vulnerabilizadas, mais pobres, as que já sofrem hoje porque estão em uma situação marginalizada ou estão em situação de não participarem das tomadas de decisão. São esses que vão sofrer mais, são esses que vão ficar com as consequências mais dolorosas da crise climática", afirma.


Organizações nacionais e internacionais somam esforços na construção de pautas coletivas / Reprodução

Os povos indígenas também fazem parte da construção da Cúpula dos Povos e reforçam seu papel histórico na defesa do meio ambiente. Esta será, inclusive, uma das temáticas principais do Acampamento Terra Livre, a maior assembleia dos povos e organizações indígenas do Brasil.

"Estaremos no ATL 2025 trazendo como um dos principais temas a caminhada e o enfrentamento à crise climática como uma estratégia também de somatória de esforços para pensar a incidência dos povos indígenas na COP30, em Belém e, também, ao longo do ano como um todo, vários outros eventos de que estaremos participando, estaremos levando as pautas do movimento indígena, como a Assembleia Geral das Nações Unidas para os Povos Indígenas", explica Kléber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).


Somente na região amazônia brasileira vivem cerca de 180 povos indígenas / Mariana Castro

Karipuna aponta ainda a urgência de que as pautas populares sejam protagonistas nas negociações entre os países, pressionando por políticas públicas e ações concretas que garantam justiça climática e a proteção dos povos e territórios mais afetados.

"A resposta somos nós. A resposta somos nós, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas. A resposta somos todos nós e você, que temos a responsabilidade de fazer o enfrentamento e evitar uma crise que se amplie e que a gente não consiga mais trabalhar no enfrentamento a essa crise no futuro."  


Organizações apontam que é necessária ampla pressão e participação efetiva da sociedade civil / Mariana Castro

Do Chile, o diretor para a América Latina e Caribe da Campanha Global pela Justiça Climática convoca a sociedade civil, os movimentos e organizações globais a se unirem à Cúpula.

"Queremos convidar todos a aderirem a este amplo processo de convergência social, que envolverá todas as regiões do mundo e todos os setores sociais, não apenas as organizações socioambientais e de justiça climática, as mulheres, as diversidades, as crianças, os jovens, os indígenas, os povos, os trabalhadores, os camponeses, os movimentos urbanos, para se juntarem à Cúpula dos Povos rumo à COP 30."

Edição: Nicolau Soares