O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) acredita que o governo federal falhou na comunicação sobre a instrução normativa que alterava a fiscalização das movimentações financeiras sobre o Pix e alertou que a extrema direita usou o caso para desestabilizar o país.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o parlamentar pernambucano avaliou que o governo Lula precisa adotar uma comunicação mais propositiva, para conter os avanços de fake news. 'Eu acredito que foi uma derrota sofrida pelo governo na comunicação dessa medida.'
Após uma série de boatos e notícias falsas, a Receita Federal decidiu, na quarta-feira(15), revogar a instrução normativa. Em paralelo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que enviará ao Congresso uma Medida Provisória que assegura a não cobrança de impostos sobre o Pix.
"O pior de tudo é a gente não fazer a discussão importante, que é a discussão do imposto, da tabela do imposto de renda, de quem deve ser cobrado o imposto e quem não deve ser cobrado. Essa discussão é mais importante do que a discussão de quem deve ser monitorado e quem não deve ser monitorado, porque se a gente quer que a pessoa não tenha que pagar imposto, a gente tem que dizer que ela é isenta do imposto e não que ela é não fiscalizada", apontou.
Batalha na comunicação
Pedro Campos avalia que o governo precisa ser mais propositivo e se conectar com as demandas reais da população brasileira para conseguir superar os impactos da desinformação promovida pela extrema direita. Afirmou também que as respostas às fake news, como as promovidas pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), devem ser sólidas.
"O objetivo [da extrema direita] não era proteger os autônomos ou evitar impostos, mas criar instabilidade política e financeira, alimentando pânico para enfraquecer o governo legitimamente eleito", acusou o parlamentar.
Campos sugeriu mostrar as incoerências do discurso da oposição, como o fato de que, em 2020, o então ministro da Economia Paulo Guedes defendia abertamente a taxação do Pix, sem que houvesse reação da direita ou de líderes como Nikolas Ferreira.
"A preocupação dessa oposição nunca foi com o bolso do povo, mas sim com um projeto político que não aceita a derrota nas urnas", concluiu o parlamentar.
O irmão do deputado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), é visto como uma referência na comunicação. O novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, convidou integrantes da equipe do prefeito para ajudar a construir um plano para esta segunda fase do mandato.
Reeleito no primeiro turno com 78% dos votos em 2024, João Campos tem quase 3 milhões de seguidores no Instagram e é famoso pelo forte engajamento nos perfis, ganhando o título de prefeito 'tik toker'.
Sobre a fama no mundo digital, ela atribui o sucesso à autenticidade da própria conduta: "Tudo é verdadeiro", disse, no programa Roda Viva, em uma edição que foi ao ar no final de 2024, após as eleições municipais.
"Qual é um problema da rede social? Quanto mais aquilo que você fala é diferente do que você é, o nome disso é incoerência, e o que a política passa hoje é por um ciclo de incoerência onde as pessoas apresentam ser uma coisa que não são", analisou o prefeito no programa televisivo.
Na mesma edição do Roda Viva, João Campos analisou a comunicação do governo Lula e afirmou que o governo comunica mal os acertos e cai em armadilhas.
"Queria fazer uma comparação: você vê o governo Lula com muita entrega e muitas vezes cai em eventuais armadilhas que criam cortinas de fumaça que cobrem as entregas do governo. É o oposto do governo anterior, de Bolsonaro, onde você tinha um governo que, do ponto de vista de entrega, funcionava muito menos e criava a cortina de fumaça para sair da não entrega", disse o prefeito.
Para Pedro Campos, é importante desconstruir essas narrativas falsas e manter o foco nas prioridades reais da população, como justiça tributária e melhoria nas condições de vida.
Edição: Martina Medina