Entre os dias 7 e 12 deste mês, estive em Caracas, capital da Venezuela, acompanhando a posse do presidente eleito, ratificado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e agora empossado Nicolás Maduro.
Havia uma expectativa mundial sobre os acontecimentos que se desenrolariam nesse momento, dada a grande tensão do chavismo com a extrema direita venezuelana que não só não reconheceu a eleição de Maduro, como tem se associado à extrema direita continental e pedido uma “intervenção” estrangeira no país. Pedido ecoado por alguns líderes da América Latina como Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Em meio e imerso nesse cenário, o Brasil de Fato lançou o documentário Comuna o nada - A organização popular que sustenta a revolução bolivariana. Captado em diversas regiões da Venezuela, a produção lança luz a um dos processos mais importantes e menos conhecidos da revolução bolivariana e do “socialismo do século XXI”, as comunas idealizadas pelo ex-presidente Hugo Chávez.
Uma das perguntas que nosso documentário busca responder é qual o tamanho da influência das comunas na política venezuelana e como elas se mantiveram e se fortaleceram ao longo dos anos. Atualmente, existem comunas em 90% do território do país sul-americano, sendo 3.662 oficiais e 1.578 em processo de formalização. Existe até um ministério no governo venezuelano totalmente dedicado às comunas.
E foram as comunas que também ajudaram Nicolás Maduro a chegar ao seu terceiro mandato, que vai de 2025 a 2031. Em seu primeiro discurso após a posse, ele relembrou as conquistas de seus mandatos anteriores e projetou um crescimento econômico ainda maior para os próximos anos.
Acompanhamos, também no Brasil de Fato, continuados ataques a embaixadas da Venezuela em pelo menos sete países, entre eles a Noruega. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, comentou sobre o ataque à embaixada em Portugal.
“Hoje, o fascismo atacou com bombas incendiárias nossa sede do Consulado Geral em Lisboa, Portugal, atentando contra os serviços prestados a nossos compatriotas.”
Quem também acompanhou a posse de Maduro e celebrou um convênio com o Instituto Simón Bolívar foi o Instituto João Goulart, representado pelo filho do ex-presidente brasileiro Jango, ao lado do vice-presidente para América do Norte e presidente do ISB, Carlos Ron, representando a Venezuela.
O Brasil de Fato é o único veículo brasileiro a manter correspondência fixa em Caracas. Nosso repórter Lorenzo Santiago reporta diariamente da capital venezuelana e fazemos esforços cotidianos em cobrir os momentos chave da conjuntura do país, assim como fizemos nas eleições em julho do ano passado e com a posse este ano.
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O documentário “Comuna o Nada” se insere nesse esforço de dar a conhecer experiências de organização popular a partir do sul global. Assistam, compartilhem e nos ajudem a provocar o debate.
Sigamos na luta,
Monyse Ravena
Coordenadora de áudio e vídeo do Brasil de Fato
Edição: Martina Medina