O governo de Israel aprovou na noite desta sexta-feira (17) o plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que prevê a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos, segundo um breve comunicado do Executivo.
"O governo aprovou o plano de libertação de reféns", afirma o texto publicado pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. "O plano de libertação de reféns entrará em vigor no domingo, 19 de janeiro de 2025", acrescenta.
Mais cedo nesta sexta, o gabinete de segurança de Israel já havia aprovado o acordo de trégua. Mas o documento ainda dependia da aprovação final do governo israelense, o que foi oficializado há pouco em reunião do Conselho de Ministros do país.
Segundo veículos da imprensa internacional, 24 ministros aprovaram a medida, enquanto oito votaram contra.
Primeiros reféns soltos
As primeiras libertações ocorrerão no domingo, segundo o governo israelense. As famílias dos reféns foram informadas e realizam preparativos para recebê-los.
Segundo fontes próximas ao Hamas, o primeiro grupo é composto por três mulheres israelenses.
Em Israel, a população está em suspense quanto ao destino do mais jovem dos reféns, Kfir Bibas, um bebê israelense de origem argentina sequestrado em um kibutz.
Kfir, levado junto com seu irmão de quatro anos, completaria dois anos no sábado e, embora o Hamas tenha afirmado que ele morreu em um bombardeio israelense, alguns ainda mantêm a esperança.
"Penso neles (...) e sinto calafrios", afirmou Osnat Nyska, uma mulher de 70 anos cujos netos frequentaram a mesma creche que os irmãos Bibas.
O Ministério da Justiça israelense publicou nesta sexta-feira uma lista com os 95 prisioneiros palestinos que serão trocados pelos reféns.
A lista inclui 70 mulheres, uma delas menor de idade, e 25 homens, entre os quais 9 são menores de 18 anos. O mais jovem tem 16 anos.
As autoridades israelenses tomaram medidas para "prevenir qualquer manifestação pública de alegria" durante a libertação dos prisioneiros palestinos, caso o acordo seja concretizado.
Acordo de três fases
O acordo anunciado pelo Catar e Estados Unidos após 15 meses de genocídio na Faixa de Gaza prevê, em uma primeira fase de seis semanas, liberar 33 reféns em Gaza, em troca de mil prisioneiros palestinos que estão presos em Israel.
Como parte do acordo, as tropas israelenses se retirarão das áreas densamente povoadas no enclave palestino. A segunda fase, ainda em negociação, verá a libertação dos reféns restantes, homens e soldados, e a retirada das tropas israelenses do território palestino.
A terceira e última fase terá como foco a reconstrução da Faixa de Gaza e o retorno dos corpos dos reféns mortos.
Pontos delicados como o futuro político de Gaza não estão sendo debatidos ainda. Netanyahu exige que o Hamas, que atua como um grupo armado de resistência e administra partes do enclave, e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) - governo limitado estabelecido para o enclave após os acordos entre Tel Aviv e Gaza em 1993, não façam parte da administração.
Já o primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, da ANP, defende a pressão internacional sobre Israel para garantir a criação do Estado Palestino. As autoridades de Gaza também rejeitam qualquer interferência estrangeira.
*Com AFP
Edição: Martina Medina