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Parteira e compositora, Maria Zenaide encontrou conexão entre a música e a arte de trazer crianças ao mundo

Aos 68 anos, Zenaide Parteira já realizou 323 partos e não pensa em parar, mesmo com o sucesso na música crescendo

Ouça o áudio:

Maria Zenaide já lançou um álbum com canções que contam sobre o trabalho de ser parteira - Acervo Pessoal
Essa conexão entre a música e o parto é a coisa melhor que tem porque a mulher se engrandece

Maria Zenaide compôs mais de 500 canções antes de chegar o dia de conhecer uma das suas referências musicais, Geraldo Azevedo. No último final de semana, os dois dividiram palco no Rio de Janeiro (RJ) e o cantor pernambucano saiu duplamente presenteado: “eu tinha levado um colar de cobra coral pra ele, porque eu também sou artesã, e ele ficou todo feliz. Colocou na hora por cima da roupa dele mesmo”, conta Zenaide sobre o primeiro presente.

“Eu também fiz um verso e cantei para ele”:

Eu vim lá do Acre
Eu vim e vim sem medo
Vim para cantar com o Geraldo Azevedo
Ó Geraldo Azevedo toda minha gratidão
Seu nome está gravado dentro do meu coração”.


Encontro inédito entre Geraldo Azevedo e Zenaide Parteira no último final de semana / Rafael Batista

Aos 68 anos, ela diz que o sucesso que se consolida no mundo da música, mesmo que venha a gerar uma boa renda, não vai tirar o compromisso com a profissão que, inclusive, está marcado no nome com o qual ela se apresenta nos palcos e por aí: Zenaide Parteira.

Muito antes de começar a compor, no Seringal Boa Vista, às margens do Rio Tarauacá, a 400 quilômetros de Rio Branco (AC), Maria Zenaide começou a atuar como parteira. A atividade, conforme conta, inspirou mais tarde as próprias composições.

“Eu tinha 10 anos de idade quando eu fiz o primeiro parto. Fiz por necessidade, porque não tinha outra parteira e tinha duas mulheres pra ganhar neném na hora, ali”, relembra em entrevista ao programa Bem Viver desta segunda-feira (20), dia Nacional da Parteira Tradicional.

“A minha mãe era parteira, minha avó era parteira, toda a minha família era. Ai eu acompanhava a minha mãe nos partos quando ela ia fazer. Ficava vendo para aprender o que eu podia. Até agora foram 323”, orgulha-se.

Com tamanha experiência, Zenaide entende o trabalho de parteira como uma arte. “Pra mim é um encanto pra pessoa fazer um parto. Um parto é uma coisa sagrada, é ali que nem um botão de flor desabrochando, aquele cuidado que a gente tem, aquele jeito que você tem de lidar com a mulher”.

“Todo o amor que você tem de passar àquela mulher que está ali sofrendo grande dor...  não é brincadeira.  Se você começar a falar ignorante, tipo 'arranca não sei o que', que é que a mulher não vai sentir? Você tem que falar com ela na calma, né? com mansidão”.

Zenaide vê a profissão de parteira passando por um bom momento, depois de alguns anos enfrentando muito descrédito por parte da população e, principalmente, da comunidade médica. 

Segundo ela, quando ela começou a desenvolver o ofício “a parteira era mais reconhecida. Era mesmo uma médica na comunidade, entendeu? Ali ela era uma líder da comunidade. Ela podia não só fazer o parto, mas ela podia dar um conselho para o casal. Ela podia dar uma palestra sobre o filho, sobre como criar os filhos”.

Houve um período em que o conhecimento tradicional dessas profissionais foi posto em cheque. Mas, para Zenaide, graças ao desenvolvimento e criação de associações regionais e nacionais, as parteiras têm encontrado mais respeito, inclusive com médicos. 

“Toda vez que tem uma parturiente que eu vejo que o parto não tá uma gravidez bem normal, aí eu levo ela para a maternidade. Aqui tem um médico que eu ajudo ele a fazer o parto, ele me deixa fazer o parto”.

Hoje, Zenaide diz ter encontrado uma relação entre o forró e o ofício de parteira.  Segundo ela, essa descoberta não faz muito anos. Foi quando já morava na capital do Acre, em Rio Branco e foi chamada para fazer um parto às pressas. “Lá tinha três mulheres que eram amigas da parturiente. Então eu cantava, uma mulher tocava o tambor, outra tocava pife, e a mulher gemendo para lá e pra cá…”

“Essa conexão entre a música e o parto é a coisa melhor que tem porque a mulher se engrandece, ela se reforma e até esquece do parto”.


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Edição: Nathallia Fonseca