Após reunião ministerial realizada nesta segunda-feira (20) na Granja do Torto, em Brasília, o ministro da Casa Civil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rui Costa (PT), afirmou que foi a "melhor reunião ministerial" do governo Lula 3 e que 2025 será um ano para "consolidar o que foi feito nos últimos dois anos". A reforma agrária esteve entre os temas destacados em coletiva de imprensa.
"2025 será um ano das entregas, de ganhar materialidade e de consolidar, eu diria, tudo o que foi feito para que a população tenha a nítida percepção do que foi feito em termo de reconstrução deste país", disse o ministro. Ele listou em seguida uma série de "conquistas" da gestão, entre elas, a retomada do Minha Casa Minha Vida, a política de valorização do salário-mínimo, além dos indicadores econômicos positivos.
Segundo o chefe da Casa Civil, não foi tratada na reunião uma possível reforma ministerial. Ele, no entanto, não descartou que ela aconteça. "O presidente continua refletindo, ele pode tocar ministro do ministério, como qualquer outra função, a qualquer momento", disse.
Caso Pix
Na coletiva de imprensa, Costa minimizou o impacto da onda de desinformação sobre o Pix na política econômica e, principalmente na imagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
"Haddad não pode ter saído enfraquecido porque não houve nenhuma medida concreta. O verdadeiro que se mostrou de novo foi uma notícia facciosa, mentirosa, para tentar aterrorizar a população", declarou o ministro que aproveitou para fazer críticas ao governo anterior.
"Eu iria hoje a qualquer debate comparar os anos nossos com os quatro anos anteriores, em todas as áreas, em todas as pastas [ministérios], em qualquer indicador que seja escolhido, nós estamos muito superiores ao que foi feito no período passado", afirmou. E seguiu: "Se é investimento em rodovia, nós vamos fazer mais do dobro do que foi feito no governo passado. Se é investimento em educação, nós vamos fazer três vezes mais do que foi feito no governo passado. Se é investimento em saúde, quase cinco vezes. Agora é preciso fazer esse conjunto de comparações e de informações chegar à população".
De novo, a comunicação
Questionado por um jornalista, o ministro Rui Costa se negou a reconhecer que o governo tenha perdido a batalha da comunicação, e atribuiu as dificuldades encontradas nessa matéria às mudanças na forma como as pessoas se comunicam, após o surgimento das redes sociais.
"O patamar de disputa política mudou de qualidade e mudou para pior, não foi para melhor. As redes digitais propiciaram essa propagação do ódio, da mentira, da desinformação, da segmentação de informação. Eu já disse algumas vezes: a mim me assusta muito quando a gente faz pesquisa e pergunta na pesquisa se a pessoa se informa por qual veículo, TV, rádio, jornal, e 40% responde [se informa] exclusivamente por grupo de 'zap' [Whatsapp]. No mundo inteiro, isso está modificando as relações políticas, está modificando a percepção da vida social", disse Costa.
O chefe da Casa Civil sinalizou que "é preciso aperfeiçoar os processos de comunicação e articulação política do governo". Sobre esse aspecto, o ministro afirmou que Lula fez um chamado a que todos os ministros atuem como "agentes políticos" para garantir o apoio das bancadas de seus partidos a projetos de interesse do governo.
"Absolutamente nada supera o trabalho. O trabalho não será vencido pela mentira, pela preguiça, nem por aqueles que nunca fizeram nada, nem por seus estados, nem por seu país. Apenas fica com o aparelhinho na mão querendo lacrar e ganhar compartilhamentos e seguidores", finalizou.
A comunicação vem sendo apontada como um dos principais desafios do governo Lula 3, sobretudo no espaço das redes sociais. No dia 7 de janeiro, o presidente Lula decidiu trocar o então ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta (PT), pelo publicitário responsável por sua campanha em 2022, Sidônio Palmeira, que tomou posse no último dia 14.
Reforma agrária na pauta
Questionado pelo Brasil de Fato sobre a pauta da reforma agrária e a promessa do governo de desapropriar territórios considerados simbólicos para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o ministro afirmou que o tema foi objeto de discussão na reunião ministerial desta segunda.
"Isso está na pauta, claro. O ministro Paulo Teixeira pautou lá um conjunto de ações que estão programadas, com desapropriações de áreas. Com isso, o programa de reforma agrária se intensifica, e esse ano nós teremos a consolidação de vários processos que estão em andamento, e também de áreas indígenas que serão consolidadas", declarou.
Autocrítica
Essa foi a primeira reunião ministerial de 2025 e durou cerca de sete horas. No começo do encontro, o presidente Lula fez uma fala em tom de autocrítica e disse que será preciso "corrigir" erros cometidos na primeira metade do mandato presidencial. O presidente afirmou que 2025 é tempo de colher os frutos do trabalho realizado nos últimos dois anos.
"Nós passamos dois anos arrumando a casa e agora temos que ter certeza de que vamos colher tudo aquilo que plantamos. 2025 é o ano da grande colheita de tudo aquilo que a gente prometeu ao povo brasileiro e nós não podemos falhar. É importante que cada um de vocês reflita, porque depois eu vou chamar individualmente muita gente para conversar", disse o presidente aos ministros presentes.
Lula também comentou a proximidade das eleições presidenciais de 2026, e fez um alerta. "Pelos adversários, a eleição do ano vem já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha. E nós não podemos antecipar a campanha porque nós temos que trabalhar. E a antecipação da campanha para nós é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar para o povo aquilo que ele precisa", declarou o presidente.
Edição: Nicolau Soares