O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (20) que seu governo vai retirar pela segunda vez os EUA do Acordo Climático de Paris, desafiando os esforços globais para combater o aquecimento global.
O republicano também prometeu anunciar uma "emergência energética nacional" para ampliar significativamente a exploração de petróleo, além de descartar futuras normas de poluição para automóveis e caminhões, as quais ridicularizou como um "mandato de veículos elétricos". Os EUA já são o maior produtor de petróleo e gás do mundo.
A saída do acordo levaria um ano após a apresentação de uma notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima.
Mesmo antes de sua saída formal, essa decisão representa um duro golpe para a cooperação internacional destinada a reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações contra a emergência climática.
O secretário executivo da ONU para Mudança Climática, Simon Stiell, afirmou logo após o anúncio de Trump que "a porta continua aberta" para o retorno ao acordo.
Stiell enfatizou que "o crescimento global das energias limpas — avaliado em 2 trilhões de dólares (R$ 12 trilhões) apenas no ano passado — é o acordo de crescimento econômico da década. Adotá-lo significa enormes benefícios, milhões de empregos e ar limpo".
"A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris é lamentável, mas a ação climática multilateral demonstrou sua resiliência e é mais forte do que as políticas de um único país", declarou Laurence Tubiana, diretora-geral da Fundação Europeia para o Clima e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris.
Extrema direita no poder
O presidente Trump foi empossado nesta segunda-feira para um mandato presidencial até 2028. A cerimônia põe fim ao governo de Joe Biden, do Partido Democrata.
Aos 78 anos, o republicano se torna o mais velho chefe de Estado estadunidense a tomar posse, após uma passagem inicial na Casa Branca entre 2017 e 2021, e também o primeiro a ocupar o cargo após ser condenado por crimes federais nos EUA.
Com uma das mãos sobre uma Bíblia herdada de sua mãe, Trump jurou "proteger a Constituição" sob a cúpula do Capitólio, o mesmo lugar onde, em 6 de janeiro de 2021, seus apoiadores tentaram impedir o Congresso de certificar a vitória de Biden.
Seu discurso foi marcado pela tese de que os cidadãos dos Estados Unidos estão em risco diante dos migrantes, em particular da América Latina, e que os estadunidenses foram "vítimas" da administração democrata. Ele acusou o governo Biden de ser "incapaz" de lidar com as crises internas do país, enquanto está envolvido em "contínuas catástrofes" fora do país.
*Com AFP
Edição: Nicolau Soares