O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse hoje, em Washington, iniciando um governo de extrema direita apoiado por bilionários.
Durante a cerimônia, que aconteceu dentro do Capitólio, o republicano fez um discurso marcado pela tese de que os cidadãos dos EUA estão em risco e foram “vítimas” da administração democrata.
No Central do Brasil desta segunda-feira (20), Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, falou sobre as expectativas sobre o novo governo Trump. Para ela, o republicano volta fortalecido.
“Ele ganhou no colégio eleitoral, no voto, e tem a maioria no Congresso, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado. Então, ele entra com muita força, e também com a experiência de já ter sido presidente. Ele conhece a máquina pública, e a lealdade foi o critério de escolha para todos os cargos anunciados. Não se levou em conta a questão técnica, mas sim o quanto essas pessoas vão ser importantes para implementação de muitas de suas promessas”, avalia.
Uma dessas promessas é a deportação em massa de imigrantes, como resposta a uma base eleitoral que espera esse tipo de medida:
“Isso esbarra em várias questões técnicas, não só logísticas, mas de custo, dependendo também da negociação com o Congresso, que libera recursos para que essas ações aconteçam. Mas a gente vai ver uma ação dura com relação àqueles que são indocumentados, e vai ter uma ação mais forte na fronteira. A expectativa é que Trump declare emergência, isso dá à presidência mais poderes para, por exemplo, usar forças militares na fronteira com o México.”
Aliança com as big techs
Além de Elon Musk, que vai fazer parte do governo, Mark Zuckerberg acenou a Donald Trump no comunicado sobre mudanças na checagem de fatos da Meta. Segundo Holzhacker, isso indica uma forte aliança do novo governo com big techs que incluem não só a Meta, mas também empresas como a Amazon e a OpenAI.
“É um conjunto de empresários do Vale do Silício que estão apoiando o Trump. Um dos interesses dessas empresas é com relação à desregulamentação. Tanto nos Estados Unidos, que vinha ganhando uma regulamentação maior com relação à atuação dessas empresas, como também de países europeus, além de Brasil, Austrália, e Índia, que vêm fazendo pressão para que essas empresas adotem práticas de coibição de circulação de fake news. Então, esse apoio é também para que o governo americano passe a ser um aliado importante nessa pressão junto a esses governos. E, de outro lado, tem uma questão econômica, essas empresas vinham perdendo espaços, tendo problemas em termos de recursos e lucros e, com esse novo governo apoiando, elas vão ganhar novamente espaços e vão continuar atuando de forma menos regulada”, analisa.
Controle da inflação e habitação
Holzhacker avalia que há uma grande expectativa da população de renda mais baixa com relação ao controle da inflação e geração de renda, considerados pontos negativos do governo democrata de Joe Biden:
“É bom lembrar que o Biden fez muito dessa recuperação econômica nos Estados Unidos, mas as pessoas não sentiram, em termos não só de custo de vida, mas também de aumento de salários. Elas sentiram o contrário, que precisam ter mais de um emprego para garantir uma boa qualidade de vida, então a expectativa não é só diminuição dos preços, mas também de aumento de salários com maior oportunidade.”
Nesse sentido, outra área importante para Trump será a habitação.
“É uma das áreas em que mais as pessoas têm sofrido, com os valores dos aluguéis e também com a dificuldade de comprar uma casa própria. Então, espera-se aí algum tipo de estímulo nessa área para responder a essas demandas, que vão ser muito importantes para ele continuar garantindo apoio e uma boa visão junto a esse eleitorado”, pontua.
A entrevista completa está disponível no YouTube do Brasil de Fato.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina