O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ministros criticaram Romeu Zema (Novo) pelas declarações do governador de Minas Gerais à versão final da lei que repactua a dívida dos estados com a União.
"A palavra 'obrigado' é tão simples, mas para falar tem que ter grandeza. O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer um prêmio, um troféu”, disse o presidente, nesta quarta-feira (22), durante evento de oficialização da concessão da BR-381, que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares, no estado mineiro, popularmente chamada “rodovia da morte”. Zema não compareceu ao evento.
"[Sou] o primeiro presidente da República que nunca vetou nada de nenhum governador por ser da oposição. O que nós fizemos pelos estados para pagar suas dívidas talvez só Jesus Cristo fizesse se concorresse à presidência", afirmou Lula.
Renan Filho, ministro dos Transportes, criticou a ausência do governador no evento. "Em 2024 fizemos quatro leilões para Minas Gerais. Uma pena que o governador não esteja aqui neste momento, porque nunca nenhum governo deu tanta atenção à Minas Gerais quanto o senhor [Lula] está dando agora", afirmou Renan Filho.
"Vi governador de Minas Gerais cobrando investimentos, no governo passado e agora, mas não o vejo aqui neste momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público", prosseguiu o ministro ao comentar a ausência do governador no evento.
Pouco depois, Zema respondeu às críticas em seu perfil no X (antigo Twitter). “Quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381 eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos”, disse o governador.
Repactuação das dívidas
No último dia 14, Romeu Zema criticou a lei que repactua a dívida dos estados com a União e disse em seu perfil no X que o governo Lula quer os “estados paguem a conta de sua gastança”.
A versão final do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) oferece o refinanciamento da dívida a juros mais baixos e em até 30 anos. Em contrapartida, os governos devem destinar os recursos para áreas como saúde e educação. Governadores da oposição, como Zema, Cláudio Castro (RJ) e Eduardo Leite (RS), no entanto, defendem que a última versão limita benefícios esperados.
“Com vetos ao Propag, o presidente Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bilhões a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”, escreveu o governador.
Zema declarou, ainda, que “enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também entrou na conversa ao responder às postagens de Zema. "O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, usou esta rede para atacar o governo federal, mas como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro: esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação das dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora", escreveu Haddad na ocasião.
"O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados. Em terceiro lugar, ele critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário em 298%, durante a vigência do Regime de recuperação fiscal, inclusive", concluiu o ministro.
Edição: Nathallia Fonseca