O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, saiu em defesa do bilionário Elon Musk na discussão sobre o gesto que ele fez na posse de Donald Trump, que remete à saudação nazista e gerou uma onda de críticas ao empresário.
“Elon é um grande amigo de Israel”, publicou Netanyahu no X, mídia social de propriedade de Musk, acusada de disseminar o antissemitismo e outras formas de racismo desde que ele a assumiu em 2022.
Durante seu discurso após a posse de Trump como presidente dos EUA na segunda-feira (20), Musk bateu com a mão direita no peito, com os dedos abertos, e estendeu o braço direito em uma diagonal para cima, com os dedos juntos e a palma da mão voltada para baixo.
Em protesto, ativistas europeus projetaram na noite de quarta-feira (22) a imagem de Musk com o braço levantado na fachada de uma fábrica da Tesla, empresa automotiva fundada pelo empresário, em Berlim, fazendo o gesto similar ao dos seguidores de Adolf Hitler.
Além do gesto de Musk, foi projetada a palavra “Heil” - que era usada como um grito clássico dos nazistas para saudar a imagem de Hitler - ao lado do logotipo da Tesla, formando a frase “Heil Tesla”. O protesto foi realizado organizações britânica Led By Donkeys (Liderados por Burros, em tradução livre) e alemã Zentrum für Politische Schönheit (Centro para a Beleza Política).
“Compre um tesla, apoie o fascismo”, escreveu a Led By Donkeys na rede social X. As organizações, que têm um histórico de atos contra Musk, afirmaram que seu ato tem como objetivo “combater o braço comercial do fascismo”. “O homem mais rico do mundo está promovendo a extrema direita na Europa. Não compre um Tesla”, declararam.
Philipp Ruch, fundador do Zentrum für Politische Schönheit, disse à AFP que Musk fez uma saudação semelhante à que “os neonazistas americanos praticaram durante anos”.
O jornal israelense Haaretz descreveu o gesto de Musk como "uma saudação romana, uma saudação fascista mais comumente associada à Alemanha nazista".
Musk se manifestou sobre o episódio na rede social de sua propriedade, ironizando as críticas. “Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. O ataque 'todo mundo é Hitler' está muito cansado”.
Defesa de Israel
Apontado como o principal responsável pelo genocídio da população palestina na Faixa de Gaza e com um pedido de prisão por crimes de guerra emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), Netanyahu mencionou a visita de Musk a Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Essa viagem ocorreu após uma discussão paralela em que o executivo-chefe da Tesla foi acusado de antissemitismo.
Na época, Musk endossou uma postagem acusando os judeus de “ódio contra os brancos”, chamando-a de “a verdade real”. Mais tarde, ele se desculpou.
Durante a visita de novembro de 2023, Musk visitou um kibutz atacado pelo Hamas ao lado de Netanyahu e se encontrou com o presidente israelense Isaac Herzog, que lhe disse que ele tinha “um grande papel a desempenhar” no combate ao antissemitismo.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito