Cinema E POLÍTICA

Cinemateca Brasileira apresenta Mostra Resistências, com sessões gratuitas no Recife

Entre curtas, médias e longa-metragens, são 20 filmes com sessões gratuitas no cinema da Fundação Joaquim Nabuco, Derby

Brasil de Fato| Recife (PE) |
O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, sala Derby, fica na rua Henrique Dias, n.º 609
O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, sala Derby, fica na rua Henrique Dias, n.º 609 - FUNDAJ

Começou nesta quinta-feira (23) e segue até a próxima quarta (29) a Mostra Resistências Cinematográficas, no Recife (PE). Ao longo de uma semana serão exibidos 20 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, ficções, animações e documentários, na sala Derby do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. As obras tratam, direta ou indiretamente, da repressão e resistência política no Brasil. A mostra é criação da Cinemateca Brasileira. As sessões são gratuitas, com ingressos retirados a partir de uma hora antes da sessão. O cinema fica na rua Henrique Dias, n.º 609, no Derby.

A curadoria da mostra buscou longas e curtas que, sob diferentes ângulos e abordagens, reforçam a “vocação democrática” do Brasil e processos de resistência ao autoritarismo - com destaque para o enfrentamento ao regime militar que durou de 1964 a 1985. Uma das obras na mostra é O que é isso, companheiro?, filme de 1997, que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro daquele ano. O longa apresenta o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick pelo grupo guerrilheiro Aliança de Libertação Nacional (ALN).

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As pouco mencionadas violências cometidas pela ditadura militar contra os povos indígenas são apresentadas no filme Arara: um filme sobre um filme sobrevivente, de 2017. Voltando à ditadura de Vargas, o filme O caso dos irmãos Naves, de 1967, apresenta um dos grandes erros do Judiciário brasileiro, quando dois irmãos inocentes foram torturados até confessarem um assassinato que não cometeram. Inocentados por júri na 1ª instância, a justiça manteve a prisão dos irmãos por oito anos, até que o “morto” fosse encontrado vivendo numa fazenda.

As lutas operárias do Brasil também aparecem na programação, em filmes como Greve (1979), ABC da greve (1990) e Eles não usam black-tie (1981). A resistência popular e as tensões também aparecem em Terra em transe (1967), Manhã cinzenta (1969), Os fuzis (1964) e Cabra marcado para morrer (1984). Confira a programação no fim da matéria.

A mostra já passou por João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ). As exibições ainda devem passar por Garanhuns (PE), Belém (PA), Porto Velho (RO), Manaus (AM), Brasília (DF), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) nos próximos meses. O evento conta com os patrocínios do Instituto Cultural Vale, da Shell e do Itaú.

Esta é a segunda edição da mostra. Em 2023, ela passou por 15 cidades, inclusive pelo Recife, com filmes de diferentes épocas e propostas estéticas, retratando os 120 anos de história da cinemateca. As ações itinerantes da Cinemateca Brasileira integram o Projeto Viva Cinemateca, que também abarca a recuperação de acervos e a modernização da infraestrutura técnica e da sede da entidade, em São Paulo (SP).

A Cinemateca Brasileira é fruto de um movimento iniciado no Brasil ainda na década de 1920, quando o militante estudantil Paulo Emílio Sales fundou o clube de cinema Chaplin Club. O movimento foi interrompido pela ditadura de Getúlio Vargas (anos 1930) e ressurgiu em 1946, com a fundação do Segundo Clube de Cinema de São Paulo, que se tornaria a Cinemateca Brasileira. A entidade se dedica à preservação, pesquisa, estudo e divulgação da produção cinematográfica do Brasil.

Programação da Mostra Resistências, no Cinema da Fundaj (Derby)

Quinta-feira (23)
19h40 - O ano em que meus pais saíram de férias (90’, 2006, SP)

Sexta-feira (24)
14h - Opinião pública (72’, 1966, RJ)
15h30 - Greve (37’, 1979, SP)
+ ABC da Greve (84’, 1990, SP)
17h50 - Libertação de Inês Etienne Romeu (11’, 1979, RJ)
    + O caso dos irmãos Naves (92’, 1967, SP)
19h50 - O que é isso, companheiro? (105’, 1997, RJ)

Sábado (25)
16h30 - Manhã cinzenta (18’, 1969, RJ)
+ Arara: um filme sobre um filme sobrevivente (13’, 2017, MG)
+ Libertação de Inês Etienne Romeu (11’, 1979, RJ)
18h10 - Terra em transe (107’, 1967, RJ)
20h20 - Eles não usam black tie (123’, 1981, RJ)

Domingo (26)
14h30 - Meu tio José (89’, 2021, BA)
16h20 - Torre (19’, 2017, SP)
    + Pra frente Brasil (110’, 1982, RJ)

Terça-feira (28)
14h - Libertação de Inês Etienne Romeu (11’, 1979, RJ)
+ O caso dos irmãos Naves (92’, 1967, SP)
16h - Cabra marcado para morrer (119’, 1984, RJ e PB)
18h20 - A opinião pública (72’, 1966, RJ)
19h50 - Greve (37’, 1979, SP)
+ ABC da Greve (84’, 1990, SP)

Quarta-feira (29)
14h - Eles não usam black tie (123’, 1981, RJ)
16h20 - Arara: um filme sobre um filme sobrevivente (13’, 2017, MG)
    + Cidadão Boilesen (93’, 2009, RJ)
18h25 - Os fuzis (84’, 1964, RJ)
20h10 - Jardim de Guerra (90’, 1968, RJ)

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vinícius Sobreira