ainda estou aqui

Dira Paes: 'Não cabe na nossa existência ditadores tão racistas e misóginos como estamos vendo na terra do Oscar'

Ao BdF, atriz afirma que filme de Walter Salles segue atual, embora denuncie uma situação que aconteceu há 50 anos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Dira Paes: "É um momento lindo do cinema brasileiro, aliás, ele sempre nos deu motivo de orgulho" - Divulgação/TV Globo

Um grito aos quatro ventos: "Ditadura nunca mais!". É assim que Dira Paes define a importância de Ainda Estou Aqui, longa de Walter Salles com Fernanda Torres que está concorrendo em três categorias do Oscar.

Ao Brasil de Fato, a atriz, que ano passado se lançou como diretora e roteirista com o filme Pasárgada, celebrou o momento do cinema nacional, que, segundo ela, é um “farol para o Brasil”. 

“É um momento lindo do cinema brasileiro, aliás, ele sempre nos deu motivo de orgulho. Além do Ainda Estou Aqui, temos o filme de Gabriel Mascaro [O Último Azul] que está concorrendo ao Urso de Ouro no festival de Berlim”, lembra Dira Paes.

Embora o longa de Walter Salles retrate uma história que aconteceu há 50 anos, a atriz defende que os dilemas seguem atuais, não só pela realidade brasileira, mas também por conta da reeleição de Donald Trump, nos Estados Unidos

“O tema escolhido por Walter Salles é um tema tão atual nos dias de hoje, é um filme que clama para ser visto para que a gente possa gritar aos quatro ventos ‘Ditadura nunca mais!’, não cabe na nossa existência ditadores tão ferozes, racistas, misóginos, tão preconceituosos como estamos vendo na terra do Tio Sam, a terra do Oscar.”

Ainda Estou Aqui foi selecionado para três categorias do Oscar, Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, para Fernanda Torres. Ela interpreta Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva, deputado que foi sequestrado e morto pela ditadura na década de 1970.

“A gente tem que se lembrar dessa personagem, Eunice Paiva, essa mulher corajosa que inspira o próprio filho para contar essa história, Marcelo Rubens Paiva, uma pessoa muito importante para a intelectualidade”, comenta Paes, fazendo referência ao escritor do livro Ainda Estou Aqui, que inspirou o longa.

Em 2024, depois de 40 anos como atriz, Dira Paes lançou seu primeiro longa como diretora e também roteirista. Em Pasárgada, ela contracena com Humberto Carrão em uma trama que denuncia o tráfico internacional de animais.

“Me orgulho dessa versatilidade, eu fiz filme no Brasil inteiro. Isso me orgulha muitíssimo. Eu tenho a cara do Brasil. Eu fiz filme na fronteira do Rio Grande do Sul, fiz filme no Mato Grosso, fiz filme no Norte, fiz filme no Nordeste, fiz filme no Brasil inteiro”, afirmou Paes ao Brasil de Fato na época de lançamento do longa.

Edição: Martina Medina