O empresário José Maria da Costa Júnior foi condenado na madrugada desta sexta-feira (24) a 13 anos de prisão por atropelar e matar a socióloga e cicloativista Marina Harkot, em novembro de 2020 na zona oeste de São Paulo (SP), e fugir sem prestar socorro. O caso se estendeu por quatro anos e dois meses e deveria ter sido julgado em junho de 2024, quando o réu apresentou um atestado médico alegando estar com dengue.
Na quinta-feira (23), o julgamento por júri popular foi iniciado por volta das 13h. Até as 23h, foram ouvidas testemunhas, advogados e apresentada a perícia do caso. A sentença foi proferida pela juíza Isadora Botti Beraldo Moro por volta da meia-noite. O motorista ainda poderá recorrer da decisão em liberdade.
A pena de José Maria da Costa Júnior foi fixada em 12 anos iniciais em regime fechado por homicídio doloso qualificado por dolo eventual, quando se assume o risco de matar; mais seis meses em regime aberto por embriaguez ao volante e outros seis meses em regime aberto por omissão de socorro.
Em seu depoimento, José Maria negou ter bebido, o que foi contestado por testemunhas, e negou estar em alta velocidade, o que foi desmentido por câmeras de segurança. Ele também afirmou não ter visto a ciclista na via e justificou não ter parado para prestar socorro alegando acreditar que "se tratava de um assalto".
Marina Harkot era pesquisadora sobre mobilidade e gênero na Universidade de São Paulo (USP) e, em vida, contribuiu com a publicação de estudos e com o ativismo contra a violência sofrida por ciclistas no trânsito. Após sua morte, mobilizações em todo o Brasil exigiram justiça.
"A gente segurou uma onda muito pesada, muito doída, muito forte. E a gente pode se considerar vitorioso e muito agradecido. Considero que foi uma vitória. Treze anos é um número baixo, mas a batalha continua", afirmou Maria Claudia Kohler, mãe de Marina, aos jornalistas após o julgamento.
Edição: Geisa Marques