Desde 2024, um grupo de voluntários formado por frequentadores do Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre (RS), moradores de bairros próximos, decidiu assumir a tarefa de fazer a limpeza do Lago da Saudade. Diante do tamanho da demanda, o grupo começou organizar mutirões de limpeza aos sábados. O segundo mutirão do ano vai ocorrer neste sábado (25), a partir das 16 horas.
A iniciativa foi da moradora do Menino Deus, mestra em Recursos Hídricos, Rute Daniela Chaves, 32 anos. “Eu comecei sozinha, depois veio mais três. No primeiro mutirão éramos oito pessoas. Nas sextas-feiras, somos cinco normalmente.” Segundo ela, quem vê as imagens com o que foi feito até agora, talvez pense que pouco mudou, mas para que um pedacinho do lago começasse a aparecer, foram muitos dias de trabalho.
Moradora do Menino Deus, mestra em Recursos Hídricos, Rute Daniela Chaves, 32 anos, começou a limpeza sozinha / Foto: Arquivo Pessoal
Rute conta que o Lago da Saudade foi dominado pelo mato e ficou escondido, não sendo mais uma opção para a vida aquática como foi em outros momentos. "O local sofre o abandono do poder público municipal, mesmo com as inúmeras solicitações de moradores do entorno e de frequentadores do Parque Marinha, que nada faz para recuperar o lago", conta.
O que motivou a limpeza?
A moradora afirma que a limpeza foi motivada pela consternação dos vizinhos e dos usuários do parque, uma vez que o lago era uma das partes mais bonitas do espaço, com fauna abundante, e o mesmo não foi submetido a nenhuma ação de preservação ou manutenção nos últimos 3 ou 4 anos.
Lago era uma das partes mais bonitas do espaço, com fauna abundante, conforme a moradora / Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com Rute, os participantes são cidadãos que utilizam o parque e estão entristecidos com o descaso da administração da cidade. "Sabemos que a Prefeitura de Porto Alegre pretende conceder o parque à iniciativa privada, isso já foi noticiado várias vezes pelos veículos locais. Dessa forma, não tem realizado a manutenção do espaço", critica.
Os participantes consideram que a Prefeitura de Porto Alegre, responsável pelo espaço, não está realizando a manutenção mínima do local. Além do lago, que hoje encontra-se tomado por plantas, os gramados já ficaram sem corte por mais de 60 dias.
Pressão no poder público
Os mutirões são realizados por frequentadores do parque / Foto: Arquivo Pessoal
Rute afirma que foram abertas reclamações junto ao aplicativo 156 da Prefeitura, feitos questionamentos na Prefeitura do Parque e também buscou-se, por meio das ferramentas de transparência, a verificação de contratos dirigidos à limpeza do parque, tanto gramados quanto lago.
"Não foi encontrado contrato para o corte de grama, por exemplo, apenas para os cortes em praças. Quando se questionou na Prefeitura sobre o parque, tivemos a informação de que não há, realmente, contrato específico para esse fim, e o servidor responsável pela limpeza do lago se aposentou, há alguns anos, e não foi realocado pessoal na vaga", destaca.
Posição do governo municipal
Questionada pelo Brasil de Fato RS, a Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos (SMSUrb), informou que segue o trabalho de recuperação de parques e praças atingidos pela enchente de maio do ano passado. “Equipes da SMSUrb estão trabalhando, no momento, no corte de grama, capina, recolhimento de galhos e manutenção das quadras esportivas.”
Em relação ao Lago da Saudade do Parque Marinha do Brasil, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) disse que encontra-se em fase de elaboração a documentação para contratar empresa especializada que irá elaborar projeto de desassoreamento e qualificação do lago.
“O projeto deverá ser concluído ainda este ano e possibilitará a recuperação do lago e seu entorno, de forma a qualificar o espaço para os animais e para flora que ali habitam, oportunizando também a qualificação paisagística.”
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Vivian Virissimo
