Extremistas

Michelle e Eduardo Bolsonaro integravam ala mais radical da trama golpista, disse Mauro Cid em depoimento

Relatório final da investigação sobre a trama golpista não cita Michelle e Eduardo entre os 40 indiciados.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ex-primeira dama e filho de Bolsonaro foram à posse de Trump, em janeiro, mas não tiveram acesso à cerimônia oficial. - Reprodução/ Redes Sociais

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integravam a ala "mais radical" do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022. A informação consta no primeiro depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, em 28 de agosto de 2023.

Cotados para disputar a Presidência em 2026, no lugar de Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030, Michelle e Eduardo Bolsonaro não estão entre os 40 indiciados no relatório final da investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista, concluído em novembro do ano anterior.

"Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado, afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs [Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores] para dar o golpe", diz a transcrição do depoimento.

Cid foi ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL). A íntegra do texto foi obtida por Elio Gaspari, colunista da Folha de S. Paulo e veio a público pela primeira vez.

O relatório da PF está sob análise da Procuradoria-Geral da República, a quem cabe oferecer denúncia ao STF contra os 40 suspeitos ou arquivar os indiciamentos.

Mauro Cid afirma em seu depoimento que essa ala mais radical do núcleo golpista "não era um grupo organizado", mas pessoas que se encontravam com presidente, "esporadicamente, com a intenção de exigir uma atuação mais contundente". Ele afirma que essas pessoas "gostariam, de alguma forma de incentivar um golpe de Estado" e "acreditavam que quando o presidente desse a ordem ele teria apoio do povo e dos CACs".

Segundo o depoimento de Mauro Cid, também integravam essa ala mais radical do núcleo golpista o general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, ex-ministro de quatro pastas diferentes durante o governo Bolsonaro; Gilson Machado, ex-ministro do Turismo; Felipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES).

Entre eles, apenas Mario Fernandes e Felipe Martins estão entre os 40 indiciados pela PF em novembro passado.

 

Edição: Leandro Melito