Israel tornou público centenas de milhares de documentos sobre o julgamento de Adolf Eichmann, um dos organizadores do extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). O Arquivo Nacional de Israel fez o anúncio nesta segunda-feira (27), no 80º aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz.
Mais de "380 mil páginas de depoimentos comoventes, registros de audiências e correspondências" foram disponibilizadas on-line para acesso direto por ocasião do Dia Internacional em Memória do Holocausto, anunciou a instituição.
Trata-se de "uma das coleções mais interessantes, reunida durante os preparativos para o julgamento de Adolf Eichmann em 1961, que inclui arquivos judiciais e correspondência entre o promotor e o primeiro-ministro, David Ben Gurion", disse o Arquivo de Israel.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que supervisiona os arquivos, os documentos foram digitalizados e formatados para reconhecimento óptico de caracteres (OCR), o que permite pesquisas usando palavras-chave, nomes, lugares, eventos e datas.
Adolf Eichmann
Em 11 de maio de 1960, o criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, que havia se refugiado na Argentina sob uma identidade falsa, foi sequestrado por um comando do serviço secreto israelense após uma perseguição que durou vários anos.
Dez dias depois, ele foi levado clandestinamente para Israel por agentes do Mossad (Agência de Inteligência do país).
Eichmann, o principal responsável pela implementação da "Solução Final" — o plano de exterminar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial — foi julgado e enforcado em Jerusalém, em 1º de junho de 1962, aos 56 anos.
A antiga autoridade nazista é até hoje a única pessoa executada em Israel. Seu corpo foi cremado e suas cinzas foram espalhadas no Mar Mediterrâneo, fora dos limites das águas territoriais de Israel.
Biblioteca do Holocausto de Viena
Também em memória ao Dia Internacional em Memória do Holocausto, a Biblioteca do Holocausto de Viena - que funciona como um dos maiores arquivos sobre a era nazista no mundo - lançou um portal on-line que disponibiliza “mais de 150.000 páginas de evidências do Holocausto e daqueles que resistiram a ele”.
Denominado Wiener Digital Collections, o projeto que torna a coleção física da biblioteca em digital “fornece acesso gratuito a documentos, fotos, transcrições e testemunhos cruciais” de 10 mil registros sobre o Holocausto como os relatórios do Jewish Central Information Office (Escritório Central de Informações Judaicas, em tradução livre) sobre o crescimento do antissemitismo na Europa na década de 1930, bem como documentos doados à biblioteca pelas autoridades do julgamento de crimes de guerra de Nuremberg”.
“O acesso online a este arquivo de resistência permitirá que pessoas de todo o mundo espiem de volta esse tumultuado período da história”, afirma a biblioteca sediada em Londres, garantindo que o trabalho de digitalização do arquivo continuará, com a disponibilização de 100 mil páginas por ano.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito