Anti-imperialismo

Milhares de jovens cubanos saem às ruas para comemorar o herói nacional José Marti

Como todo mês de janeiro, Cuba homenageia a principal figura da independência

Brasil de Fato | Havana (Cuba) |
Marcha das Tochas em Havana - Pedro Pablo Chaviano

Com o lema “Sempre anti-imperialista”, milhares de cubanos saíram às ruas na noite de segunda-feira (27) em comemoração ao aniversário do herói nacional José Martí

Com atividades nas principais cidades do país, o evento central foi mais uma vez realizado nos degraus da Universidade de Havana. Nesse lugar, cerca de 20 mil pessoas se reuniram para participar da tradicional Marcha das Tochas, organizada pela Federação de Estudantes Universitários (FEU).

Com tochas nas mãos, a multidão marchou ao lado do presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez e do emblemático líder revolucionário Raúl Castro Ruz. Também se juntaram a eles os delegados internacionais que participam da Quinta Conferência Internacional para o Equilíbrio do Mundo, um espaço para reflexão e debate progressista sobre os principais desafios globais, que será realizada esta semana em Havana.

“A escadaria sempre foi o símbolo estudantil onde ocorreram todas as lutas revolucionárias pela liberdade cubana”, disse Loren Alonso, jovem advogada, ao Brasil de Fato. Ressalta que, ano após ano, a mobilização é uma forma de “evitar que a vida e a obra de José Martí sejam esquecidas”. 

Mas, acima de tudo, destaca que se trata de “torná-lo ainda nosso, porque ainda temos muitas revoluções a vencer”. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Brasil de Fato (@brasildefato)

A Marcha das Tochas foi realizada pela primeira vez no centenário do nascimento de José Martí. Naquela época, Cuba atravessava um dos momentos mais dramáticos de sua história: prestes a marcar o primeiro ano do golpe de Estado liderado por Fulgencio Batista em 10 de janeiro de 1952, a ditadura havia desencadeado uma enorme repressão em toda a ilha. O medo crescia enquanto as várias forças políticas tradicionais do país pareciam se acomodar à situação sem oferecer nenhuma alternativa real à ditadura.  

Foi nesse contexto que, na noite de 27 de janeiro de 1953, cerca de 300 jovens, que durante semanas se organizaram clandestinamente, liderada por um jovem Fidel Castro, reuniram-se nos degraus da Universidade de Havana para expressar sua oposição à ditadura. Aquele foi um dos primeiros grandes protestos públicos contra o regime de Batista.

Anos mais tarde, na longa entrevista concedida pela jornalista e escritora Katiuska Blanco, Fidel Castro Ruz, Guerrillero del Tiempo, o líder da Revolução Cubana observou que naquela noite “houve uma demonstração de força necessária, até mesmo para nosso próprio povo, que apreciava sua própria força”. 

Anos depois, com a queda da ditadura e o triunfo da Revolução Cubana, a data passou a fazer parte da memória histórica do povo cubano. Todo dia 27 de janeiro, na véspera do aniversário de Martí, a mobilização é novamente organizada pelos jovens militantes do país  em defesa da revolução. 

Edição: Leandro Melito