DESRESPEITO

Após impasse judicial, MG retoma contratação temporária de professores

Decisão monocrática do TJMG permite continuidade do processo seletivo, após suspensão por falta de vagas para PCDs

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Estado argumentou que não há obrigação legal de reserva de vagas em contratações temporárias, mas a Justiça entendeu que a legislação não exclui essa modalidade - SEE / Divulgação

A Justiça de Minas Gerais cassou a liminar que suspendia o processo seletivo temporário para professores da rede estadual, após questionamento do Ministério Público sobre a ausência de reserva de vagas para pessoas com deficiência (PCDs). A decisão monocrática, proferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), permitiu a retomada do edital PS/SEEMG nº 04/2024, que havia sido paralisado pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte.

A liminar inicial, concedida em ação civil pública movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), determinava a suspensão do processo seletivo até que o edital fosse retificado para incluir a reserva de 10% das vagas para PCDs. A decisão também previa multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento. O estado argumentou que não há obrigação legal de reserva de vagas em contratações temporárias, mas a Justiça entendeu que a legislação não exclui essa modalidade.

"O MP alertou o estado em outubro, mas o governo Zema (Novo) ignorou os prazos e pagou para ver. Agora temos um cenário de insegurança que afeta mais de 100 mil trabalhadores da educação. Isso é reflexo de um governo que insiste em descumprir legislações consolidadas, como a que garante a reserva de vagas para PCDs", afirmou Denise Romano, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). 

Apesar da retomada, Denise criticou a condução do processo pelo governo Zema. Ela destacou que o problema poderia ter sido evitado se o governo tivesse atendido às solicitações do Ministério Público ainda em 2024.

A Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) anunciou a retomada do processo seletivo nesta terça-feira (28), com a apresentação de documentos pelos candidatos até quinta-feira (30). 

Histórico de desrespeito

Denise Romano também lembrou que o governo Zema tem histórico de questionar leis por meio de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), apontando para um histórico de desrespeito à legislação em diversas áreas, como ocorreu com a lei do piso salarial dos professores, por exemplo. 

"O governo tem agido de forma sistemática para enfraquecer direitos. Seja com a lei do piso, as cotas raciais ou agora com a legislação para PCDs, há sempre um esforço para judicializar e atrasar a aplicação de medidas que beneficiem os trabalhadores e a população", completou.

Próximos passos

O processo seletivo abrange vagas para Analista Educacional/Inspetor Escolar, Especialista em Educação Básica, Professor de Educação Básica e Professor para Ensino do Uso da Biblioteca. A SEE/MG afirmou que os candidatos devem aguardar orientações sobre as próximas etapas.

O Sind-UTE/MG reforçou a necessidade de organização do Estado para cumprir a legislação em futuros processos seletivos. Embora a decisão do TJMG tenha liberado a continuidade do edital atual, a expectativa é que o governo adote medidas para evitar novos impasses e garanta a inclusão de ações afirmativas em contratações futuras.

Para os candidatos, a orientação é acompanhar as informações divulgadas pela SEE/MG e apresentar a documentação nos prazos indicados para garantir a formalização dos contratos e o início das atividades nas escolas.

O outro lado

A subsecretária de Gestão de Recursos Humanos, Gláucia Ribeiro, justificou a medida como fundamental para evitar prejuízos no início do ano letivo. 

"O processo seguirá normalmente, garantindo que as escolas tenham os profissionais necessários", afirmou em nota.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Ana Carolina Vasconcelos