E A BARREIRA?

Em votação simbólica, Parlamento alemão aprova texto anti-imigração com apoio da extrema direita

Votação aprovou texto com 348 votos a favor e grande apoio da AfD, partido de extrema direita alemã

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Alice Weidel, da AfD, e outros deputados do partido, celebram vitória simbólica na Bundestag - JOHN MACDOUGALL/AFP

Os conservadores alemães e a extrema direita uniram forças, nesta quarta-feira (29), para aprovar na Bundestag, a Câmara dos Deputados da Alemanha, um texto que endurece a política migratória do país.

A votação, que ainda não é vinculada ao legislativo, tem um forte caráter simbólico, já que o texto, conduzido pelos conservadores da CDU, foi aprovado com o apoio do partido de extrema direita alemã, a AfD.

A proposta recebeu 348 votos a favor, 345 contra e 10 abstenções e tem como uma das demandas que a Alemanha rejeite na fronteira todos os estrangeiros sem documentos de entrada válidos, incluindo os solicitantes de asilo.

Friedrich Merz, líder da CDU e favorito a vencer as eleições antecipadas a chanceler alemão em 23 de fevereiro, discursou na semana passada sobre a proposta anti-imigração.

Ele insistiu que todos os "imigrantes ilegais" deveriam ser rejeitados já na fronteira, incluindo os que chegam em busca de alguma forma de proteção, sejam refugiados de guerra ou perseguidos políticos, além de defender maiores centros de detenções de imigrantes, justificando o uso de armazéns vazios ou quartéis que estejam fora de uso. 

O texto, proposto inicialmente pelos próprios partidos conservadores, não teria sido aprovado sem o apoio da AfD. O Partido Social Democrata (SPD) do atual chanceler Olaf Scholz, condenou a aprovação do projeto em parceria com a AfD, em claro indício de quebra do Brandmauer.

Brandmauer é o termo utilizado para a "barreira política" convencionada pelos partidos alemães ao não formarem coalizões ou qualquer aliança com a AfD. 

Rolf Mutzënich, líder do SPD, declarou ser "simplesmente impossível retornar ao trabalho como de costume", uma vez que o partido conservador teria "saído do centro político".

Nas redes sociais, a líder da extrema direita, Alice Weidel, celebrou a vitória simbólica do partido, chamando de "um dia histórico para a Alemanha".

A iniciativa anti-imigração surgiu após um ataque com faca atribuído a um afegão em situação irregular que deixou duas pessoas mortas, incluindo uma criança.

Edição: Leandro Melito