29 de janeiro

Visibilidade Trans: resistência, conquistas e desafios da luta por direitos

Brasil lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans; 78% abandonam a escola devido à transfobia institucional

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Pessoas trans têm expectativa de vida em torno dos 30 anos - Foto: Agência Brasil

Falta cerca de um mês para o carnaval carioca, e milhões de pessoas vão celebrar a vida de uma pessoa trans na Sapucaí. Xica Manicongo, primeira travesti reconhecida no Brasil, será o enredo da Paraíso do Tuiuti. Nas alas, eu e outras lideranças trans da política e das artes vamos encarnar seu espírito na folia: as deputadas Erika Hilton e Duda Salabert, as ativistas Jovanna Baby, Bruna Benevides e a pioneira Eloína dos Leopardos. Celebraremos nossos corpos livres e felizes.

Celebrar é também refletir. O Brasil lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans. Desses, 78% abandonam a escola devido à transfobia institucional. A expectativa de vida segue em torno dos 30 anos. Além disso, percebemos que 75% das vítimas são negras. Mesmo sem dados governamentais precisos, esses números escancaram nossa realidade.

A representatividade ainda é baixa, mas houve conquistas nos últimos anos. É também um dia de orgulho por expressar uma identidade que desafia o sistema cis-heteronormativo patriarcal, por continuar resistindo, por toda conquista individual que reverbera no coletivo. Exemplos como Liniker e Karla Sofía Gascón demonstram essa força e retroalimentam a luta.

Enquanto isso, a extrema direita instrumentaliza pautas de costumes para atacar minorias e reforçar desigualdades. Donald Trump e seus aliados promovem discursos retrógrados, tentando apagar nossas existências. Não à toa, o presidente da maior potência imperialista reafirmou, em seu discurso de posse, uma visão binarista e biologizante da identidade de gênero.

Diante desse cenário, seguimos resistindo: vivas, fortes e articuladas. Fortalecemos nossos movimentos sociais e reafirmamos a politização de nossas vidas.

*Dani Balbi (PCdoB) é professora, roteirista e primeira mulher trans deputada estadual no Rio.

**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato RJ.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister