Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (30), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não conversou com a presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), sobre sua possível ida para o governo, mas disse que ela poderia assumir qualquer ministério do governo.
“Até agora não tem nada definido. Eu não conversei com ela, ela não conversou comigo”, disse o presidente. “A companheira Gleisi já foi ministra chefe da Casa Civil da Dilma. Eu estava preso, e fui um dos responsáveis pela companheira Gleisi virar presidenta do nosso partido. A Gleisi é um quadro muito refinado. Politicamente, tem pouca gente nesse país mais refinado que a Gleisi”, destacou.
Na quarta-feira (29), ganhou força a narrativa de que a deputada poderia antecipar sua saída da direção do partido, prevista para o meio do ano, para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios. Membros do governo foram pegos de surpresa e relatam perceber uma operação coordenada nos meios de imprensa para, de um lado, desgastar a figura de Márcio Macedo, atual ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, e “cacifar” Gleisi para o cargo.
Fontes do PT relatam que a “operação” para forçar a antecipação da saída de Gleisi do partido foi coordenada por grupos internos, que querem evitar que ela consiga emplacar um substituto na presidência da legenda. Nos bastidores, o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é o nome mais forte do grupo ligado à atual presidente do partido.
De olho em Minas: ‘e o Pacheco?’
Ao final da coletiva desta quinta, o presidente Lula foi questionado pelos jornalistas sobre a possível ida do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o governo após sua saída da presidência do Senado Federal, e brincou. “O que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais”.
Nas últimas semanas, ministros do governo e o próprio presidente Lula subiram o tom contra o atual governador de Minas, Romeu Zema (Novo), após críticas do chefe do Executivo mineiro à repactuação da dívida dos estados. “Com vetos ao Propag, o presidente Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bilhões a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”, escreveu o governador em sua conta na rede social X. Zema declarou, ainda, que “enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, respondeu ao governador na mesma rede social. “O governador de Minas Gerais Romeu Zema usou esta rede para atacar o governo federal, mas, como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro: esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação das dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora”, escreveu Haddad.
“O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados. Em terceiro lugar, ele critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário em 298%, durante a vigência do Regime de recuperação fiscal, inclusive”, publicou o ministro.
O próprio presidente da República também criticou o governador mineiro durante evento de oficialização da concessão da BR-381, que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares, no estado mineiro, popularmente chamada “rodovia da morte”. “A palavra ‘obrigado’ é tão simples, mas para falar tem que ter grandeza. O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer um prêmio, um troféu”, disse o presidente. Zema não compareceu ao evento.
Edição: Nathallia Fonseca