No ano em que o Brasil sediará as negociações climáticas da COP30 da ONU em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de se retirar do Acordo de Paris como “um passo atrás para a civilização humana”, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (30).
O presidente brasileiro destacou que não quer que a COP30 seja uma cúpula em que “medidas são aprovadas, tudo parece muito bonito no papel e depois nenhum país cumpre”, criticando as nações ricas por não cumprirem promessas anteriores de doar bilhões de dólares para ajudar as nações em desenvolvimento a lidar com as consequências das mudanças climáticas.
“Queremos algo muito real para que possamos saber se estamos levando a sério ou não a questão climática.”
Lula também afirmou que se Trump aumentar as tarifas sobre os produtos brasileiros, ele retribuirá.O Brasil é um dos países ameaçados por Trump com tarifas mais altas.“É muito simples: se ele taxar os produtos brasileiros, o Brasil retribuirá taxando os produtos que são exportados dos Estados Unidos”, disse.
Lula disse que prefere melhorar o relacionamento com os Estados Unidos e impulsionar os laços comerciais com o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. “Quero respeitar os Estados Unidos e que Trump respeite o Brasil. Isso é tudo”, disse ele.
Citando os comentários de Trump de que ele planeja retomar o Canal do Panamá ou obter o controle da Groenlândia, Lula disse que “ele só tem que respeitar a soberania de outros países”. O presidente brasileiro também ressaltou as ameaças globais que a democracia enfrenta.
“Para mim, a democracia é a coisa mais importante da humanidade neste momento... Ou mantemos a democracia funcionando ou teremos Estados mais autoritários do que Hitler e o fascismo.”lgo muito real para que possamos saber se estamos levando a sério ou não a questão climática.”
O governo brasileiro teve sua primeira tensão diplomática com a administração de Donald Trump na Casa Branca após a chegada de cidadãos brasileiros deportados dos EUA utilizando algemas no último final de semana.
O governo brasileiro anunciou, pela primeira vez, nesta quarta-feira (29), uma política em relação à crise.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, após uma reunião realizada com a Embaixada dos EUA em Brasília foi acordada a “criação de um Grupo de Trabalho para trocar informações e aprimorar a operacionalização de voos de retorno de brasileiros” que estejam sem documentação no território estadunidense.
De acordo com o Itamaraty, o grupo deve garantir “a segurança e o tratamento digno e respeitoso dos passageiros”.
Além disso, a chancelaria brasileira anunciou “o imediato estabelecimento de uma linha direta de comunicação entre os membros do grupo para acompanhamento em tempo real dos futuros voos”.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito