A partir da luta por justiça social, soberania popular e defesa dos territórios, centenas de pessoas se reúnem no Parque de Exposições, em Salvador, para a oitava edição da Jornada de Agroecologia da Bahia. Organizada pela Teia dos Povos, o encontro, que teve início na última quarta-feira (29), busca fortalecer a articulação entre movimentos populares, povos tradicionais, comunidades urbanas e rurais de todo o país no enfrentamento às desigualdades.
Com o lema "Aliança Campo e Cidade para o Combate à Fome e à Pobreza", a programação da jornada, que vai até o domingo (2), inclui debates, rodas de conversa, oficinas, apresentação de trabalhos científico-populares e espaços culturais. Mestre Joelson Ferreira, um dos fundadores da Teia dos Povos, destaca que o encontro é uma expressão do processo de reconstrução do Brasil.
"A retomada do nosso país não será feita com pressa, precisa ser construída. E, para isso, é preciso chamar todos os movimentos sociais, todos os quilombos, os povos originários. Como diz Nêgo Bispo, precisa ser 'uma confluência de povos'. Com muita paciência, com muita sabedoria para incluir todas, todos e todes nessa grande unidade para nós vencermos o Império e o capitalismo", destaca.
Povos em luta contra as injustiças
Na manhã da última quinta-feira (30), os participantes debateram alguns dos principais desafios enfrentados pelos povos do campo e da cidade diante do avanço da extrema direita e do aumento das desigualdades. Rosa Tremembé, da Teia dos Povos do Maranhão, denuncia o processo de invasão no campo realizado por grandes empresas para exploração de recursos naturais e destaca as consequências do avanço do capital nas comunidades.
"Essas empresas vêm pra roubar o que é nosso. Nós perdemos a liberdade, nós perdemos a paz e nós perdemos o território. Então é um alerta para os territórios que são procurados pra fazer essa 'extração'. O nome disso aí é extermínio", salienta a liderança indígena.
Diante do aumento de conflitos por terra e território, além dos desastres provocados pela emergência climática, a urbanista Apoena Ferreira, assessora do Centro de Estudos e Ação Social (Ceas), também reflete sobre a necessidade de fortalecer a articulação entre os povos como uma solução coletiva para enfrentamento desse cenário.
"A gente trouxe os principais aspectos de análise do cenário atual, mas também convocando todas as comunidades, movimentos sociais e famílias para se unirem pra concretizar essa aliança campo e cidade pela necessidade que a gente vai ter de abrigar todos esses refugiados, as pessoas que estão fugindo de conflitos e que vão adensar ainda mais os centros urbanos a partir dessas políticas migratórias excludentes. As cidades vão necessitar do apoio dos movimentos do campo para concretizar essas alianças e mostrar caminhos possíveis de luta e de articulações".
Aberta ao público, a Jornada também terá espaço para a Feira Agroecológica dos Povos, onde serão vendidos alimentos e produtos artesanais produzidos pelas comunidades presentes no encontro. Já na Feira Literária dos Povos, o público poderá comprar livros e participar do lançamento de obras de mestras e mestres dos territórios de saberes.
Os participantes também poderão conferir a Mostra Audiovisual, em que será exibido o documentário Terra Vista, produzido pelo Brasil de Fato em parceria com o Orfalea Center, da Universidade da Califórnia, Santa Barbara (UCS). Ambientado no sul da Bahia, o filme retrata a luta de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para recuperar uma área degradada pelo coronelismo.
Fonte: BdF Bahia
Edição: Thalita Pires